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Nacional
Redação Lux  com CSS em 2 de Abril de 2015 às 15:00
Figuras da política e das artes prestam homenagem a Manoel de Oliveira
A sua obra perdurará para as futuras gerações - António Costa (PS)

O secretário-geral socialista e o PS lamentaram hoje "a perda irreparável" que constituiu a morte de Manoel de Oliveira, mas salientaram que a sua obra perdurará para futuras gerações, que nela reencontrarão "a essencialidade do ser português".

O cineasta Manoel de Oliveira, natural do Porto, morreu hoje, aos 106 anos, e era o mais velho realizador do mundo em atividade.

Numa nota enviada à agência Lusa, António Costa e o PS "manifestaram o seu mais profundo pesar pelo falecimento de Manoel de Oliveira, figura maior das artes e da cultura portuguesa".

A cultura portuguesa perdeu uma das suas figuras maiores – Primeiro-ministro

"O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, em seu nome pessoal e em nome do Governo de Portugal, expressa público pesar pelo falecimento de Manoel de Oliveira. A Cultura portuguesa perdeu hoje uma das suas figuras maiores", lê-se numa nota divulgada pelo gabinete do chefe do executivo PSD/CDS-PP.

O primeiro-ministro refere-se a Manoel de Oliveira como "a figura decisiva do cinema português no século XX" e como "obreiro central da afirmação da cinematografia portuguesa a nível internacional e, através do cinema, da cultura portuguesa e da sua vitalidade".

PR lembra “símbolo maior do cinema português no mundo” 

O Presidente da República recordou hoje Manoel de Oliveira como "símbolo maior do cinema português no mundo" e apontou o realizador como "um exemplo para as novas gerações" pela forma como sempre foi capaz de ultrapassar as dificuldades.

"Foi com profundo pesar que tomei conhecimento da morte de Manoel de Oliveira, símbolo maior do cinema português no mundo e um dos nomes mais significativos na história da 7ª Arte. Portugal perdeu um dos maiores vultos da sua cultura contemporânea que muito contribuiu para a projeção internacional do país", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, numa mensagem que leu no Palácio de Belém.


Celebrá-lo é criar condições para quem faz cinema - João Fernandes

O ex-diretor do Museu de Serralves, no Porto, João Fernandes, disse hoje que, quando alguém como Manoel de Oliveira desaparece, a melhor forma de o celebrar será sempre criar condições para quem faz cinema em Portugal.

“Sempre lutou por isso e sempre foi um exemplo de grande dignidade, porque nunca se submeteu a qualquer tipo de resignação, nem de demissão, nem nunca desistiu, por mais difícil que fosse e por mais impossível que parecesse fazer o próximo filme. Ia sempre lutar para o fazer”, disse João Fernandes, que atualmente é subdiretor do Museu Reina Sofia, em Madrid.

Emocionado, João Fernandes disse esperar que os realizadores portugueses tenham “a mesma capacidade de lutar” e que consigam reunir as condições para trabalhar.

CDS-PP evoca “orgulho” de Portugal num cineasta “imortal” 

A deputada e dirigente do CDS-PP Teresa Caeiro sublinhou hoje o "orgulho" no legado de Manoel de Oliveira, cuja morte, apesar da sua idade, foi recebida como "uma tristíssima surpresa", o cineasta que parecia "imortal" e que o será através da sua obra.

"Julgo que de alguma forma todos nos convencemos que Manoel de Oliveira era imortal, e apesar da sua idade, esta notícia não deixa de nos chegar como uma tristíssima surpresa. Mas Manoel de Oliveira é imortal, a sua obra vai perdurar para sempre", declarou Teresa Caeiro aos jornalistas.

Percursor do neorrealismo italiano com Aniki Bóbó - Mário Dorminsky

O fundador do Fantasporto, Mário Dorminsky, disse hoje que o cineasta Manoel de Oliveira foi um "marco" no cinema mundial e um precursor do neorrealismo italiano, com "Aniki Bóbó", e do documentário, com o filme “Douro Faina Fluvial”.

O realizador português Manoel de Oliveira morreu hoje aos 106 anos e era o mais velho realizador do mundo em atividade.

“É um marco no cinema em termos históricos”, declarou à Lusa Mário Dorminsky, referindo que o cineasta Manoel de Oliveira foi um “visionário” e um “precursor” do “neorrealismo italiano”, com o filme Aniki Bóbó (1942), por ter trabalhado com atores não profissionais.

PCP lembra “figura ímpar da cultura portuguesa”

O PCP lembrou hoje o realizador Manoel de Oliveira como "uma figura ímpar da cultura portuguesa", lamentando profundamente a sua morte, aos 106 anos.

"Falamos de uma figura ímpar da cultura portuguesa e é por isso que o PCP lamenta profundamente o seu falecimento", afirmou a deputada comunista Paula Santos, em declarações aos jornalistas no parlamento.

BE lembra "grande cineasta europeu" que moldou o cinema nacional

A porta-voz do BE evocou hoje Manoel de Oliveira como "um grande cineasta europeu" que moldou o cinema nacional e foi um exemplo de "energia, determinação, humor e grande vontade de viver".

"Bem sei que Manoel de Oliveira já tinha 106 anos, mas confesso que acreditava que este dia nunca chegava e acho que há mais pessoas que pensam isso, habituámo-nos a ver Manoel de Oliveira como estando sempre aqui, sempre a filmar, é com certeza alguém que mais do que moldar o cinema nacional é um grande cineasta europeu, que faz toda a diferença sobre o que é hoje o cinema e a cultura na Europa", afirmou.

PSD lamenta “grande perda para Portugal” 

O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, afirmou hoje que a morte do cineasta Manoel de Oliveira é "uma grande perda para Portugal", considerando que a sua obra "permanecerá imortalizada" e será "eterna no coração" dos portugueses.

"Trata-se de uma grande perda para Portugal, de uma figura ímpar da cultura portuguesa e da cultura mundial, com um percurso reconhecido quer no plano nacional quer no plano internacional, que deixa a cultura portuguesa mais pobre", afirmou Montenegro, aos jornalistas, no parlamento.

Presidente do parlamento enaltece caráter libertador e sublime da sua arte

A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, manifestou hoje sua "profunda tristeza pela morte de Manoel de Oliveira" e destacou o caráter "sublime da sua arte" de realizador de cinema, que "libertava na sua infinita perfeição".

"Manoel de Oliveira deixa-nos o sublime da sua arte, uma arte que a todos nos libertava na sua infinita perfeição. Como se o cinema que criou, por todos reconhecido, fosse a memória da nossa própria transcendência e o exemplo para a projetarmos nas coisas que fazemos.", refere Assunção Esteves, numa mensagem de condolências enviada à imprensa.

A presidente do parlamento lembra ainda a homenagem feita pela Assembleia da República a Oliveira, ligando a "sua arte à democracia e ao seu projeto emancipador."

O seu cinema torna-o eterno - Margarida Gil

A presidente da Associação Portuguesa de Realizadores, Margarida Gil, considerou que o cinema de Manoel de Oliveira tornará eterno o cineasta que hoje faleceu aos 106 anos.

Para a Margarida Gil, Manoel de Oliveira é uma das grandes figuras do pensamento português, por ter refletido “como poucos” sobre a condição humana.

É necessário desafiar os portugueses a redescobri-lo - Caminhos do Cinema

O diretor do festival de cinema português Caminhos, Vitor Ferreira, defendeu hoje, em Coimbra, a necessidade de se "desafiar os portugueses a redescobrir" o legado de Manoel de Oliveira.

A propósito da morte de Manoel de Oliveira, o diretor dos Caminhos do Cinema Português, Vitor Ferreira, disse à agência Lusa que o realizador português não é apenas um testemunho do cinema nacional, mas parte da "identidade do país".

"Se há alguém que é a encarnação do cinema português, é o Manoel de Oliveira", frisou o diretor de um festival que contou com a presença do realizador em 1999 e em 2002, ano em que ganhou o prémio de melhor documentário com "Porto da minha infância".

Realizador “gostava de se surpreender" - Glória de Matos

A atriz Glória de Matos afirmou que o realizador Manoel de Oliveira, hoje falecido aos 106 anos, “gostava de se surpreender, e que os atores o surpreendessem; era um criador na verdadeira aceção do termo”.

A atriz, que trabalhou com o cineasta em filmes como “Benilde ou a Virgem Mãe” e “Francisca”, disse à Lusa que havia, em Manoel de Oliveira, "qualquer coisa de criança, que nunca morreu nela, uma certa ingenuidade, e isso está nos filmes dele”.

Glória de Matos referiu a importância que o realizador dava ao texto, e a forma rigorosa como preparava a cena “e, apesar de gostar de se surpreender, as coisas tinham de correr como ele imaginara”.

"Será, para sempre, o nome maior da cultura" - Casa da Música

A Fundação Casa da Música expressou hoje o “maior pesar” pela morte do cineasta Manoel de Oliveira que, considera, “será, para sempre, o nome maior da cultura e uma referência da identidade” portuguesas.

Numa carta dirigida à família de Manoel de Oliveira e assinada pelo presidente do conselho de fundadores da Casa da Música, Luís Valente de Oliveira, o realizador é recordado como “o grande cineasta português”, sendo sublinhada a “importância da obra que produziu ao longo da sua vida” e o “valioso património coletivo” que deixa.

“A fundação recorda, com saudade e emoção, o momento muito especial que foi, em dezembro de 2013, a comemoração do 105.º aniversário de Manoel de Oliveira na Casa da Música, lê-se na carta, a que a agência Lusa teve acesso.

"Mensageiro da cultura portuguesa"- Mário Cláudio

O escritor português Mário Cláudio disse hoje que a morte de Manoel de Oliveira é um “ponto final a uma carreira brilhante”, considerando o cineasta um “mensageiro da cultura portuguesa no mundo”.

“Ele é um mensageiro da cultura portuguesa no mundo, inclusivamente dada a natureza temática dos filmes que produziu e isso é uma dívida imensa, para todos nós”, declarou em entrevista telefónica à Lusa Mário Cláudio, o escritor do Porto cujo nome verdadeiro é Rui Manuel Pinto Barbot Costa.

Abrunhosa lembra "arrojo cinematográfico" do cineasta

O músico Pedro Abrunhosa lembrou hoje o cineasta Manoel de Oliveira como um “homem de profunda ironia” e “arrojo cinematográfico” que afirmou Portugal no cinema europeu e cuja morte “fica diluída na obra imensa" que fica.

“Aos 106 anos, o homem com uma obra com esta envergadura conseguiu ter uma voz no cinema europeu e afirmou Portugal de uma forma inequívoca. Com uma visão única que o coloca ao nível do maior arrojo cinematográfico, o Manoel cumpriu-se aos olhos dos homens e dos deuses que nunca deixou de provocar”, assim o descreveu o músico que em 1999 fez parte do elenco do seu filme “A Carta”.

Para Abrunhosa, que contou com a arte de Manoel Oliveira numa curta-metragem que acompanhou o seu single de 2002 “Momento”, o cineasta “não era um contemplador, era um homem que projetava através da sua visão do tempo e permitia-se uma ironia, o sarcasmo, o gozo”.

Paulo Portas evoca “exemplo na arte e na vida”

O presidente centrista, Paulo Portas, recordou hoje Manoel de Oliveira como um "exemplo, na arte e na vida", que, "com paciência perante a incompreensão e a dificuldade", viveu "uma certa ideia de cinema, numa certa ideia de Portugal".

"Manoel de Oliveira é o nosso exemplo, na arte e na vida, de longanimidade: o fruto do espírito de quem tem grandeza de ânimo. Portanto, algo ainda maior do que a longevidade", declarou Paulo Portas.

Numa declaração enviada à Agência Lusa, o líder do CDS-PP e vice-primeiro-ministro afirmou que o cineasta "acreditou e viveu a sua arte, com paciência perante a incompreensão e a dificuldade, com uma certa ideia de cinema, numa certa ideia de Portugal - um cinema de atores, de texto, de composição".

Presidente do Festival de Cannes afirma-se "órfão" com morte do cineasta

O presidente honorário do Festival de Cannes, Gilles Jacob, amigo e admirador da arte de Manoel de Oliveira, que faleceu hoje aos 106 anos, afirmou o seu pesar e disse sentir-se "um órfão".

"Tristeza. O meu querido Manoel morreu. Manoel de Oliveira tinha 106 anos e eu fiquei órfão como todo o cinema mundial. Ele era um cavalheiro", afirma Jacob, o presidente honorário do festival, na sua conta na rede social Twitter, noticia a Efe.

"Passados os cem anos, tínhamo-nos acostumado à ideia de que Manoel nunca desapareceria", disse Jacob, de 84 anos, que, em 2008, entregou ao realizador português a Palma de Ouro pela carreira do cineasta português.

"O maior cineasta português de todos os tempos" - Miguel Gomes

O realizador Miguel Gomes declarou que Manoel de Oliveira, hoje falecido, no Porto, aos 106 anos, era "o maior cineasta português de todos os tempos, a par de João César Monteiro".

Numa mensagem enviada por correio eletrónico a partir de Paris, Miguel Gomes tece vários elogios ao cineasta, e chama-lhe mestre: "Se eu e os meus colegas hoje em dia temos oportunidade de filmar, devemo-lo em grande medida ao génio e à tenacidade do Mestre Manoel de Oliveira".

"A sua longevidade fascinava-nos a todos, mas não nos deve impedir de reconhecer, neste momento, a verdadeira singularidade, aquela que poderemos reencontrar nos seus filmes. Aí foi sempre fiel a pulsões e obsessões", descreve o realizador de "Tabu" (2012), distinguido com o prémio inovação (Prémio Alfred Bauer) e o prémio da crítica, no Festival Internacional de Cinema de Berlim, no mesmo ano.

"Com ele aprendi a reconhecer o belo" - Leonor Silveira

 atriz Leonor Silveira afirmou hoje que o trabalho com o realizador Manoel de Oliveira, falecido aos 106 anos, lhe moldou a identidade e foi determinante no "rumo pessoal e profissional".

A atriz, que se estreou no cinema aos 17 anos, em "Os canibais" (1988), afirmou hoje em comunicado que foi com Manoel de Oliveira que aprendeu "a gostar de cinema, a reconhecer o belo e a pensar no poder do tempo".

"O meu amor pelo Manoel transcende a partilha artística. Esta é uma perda insuperável, mas a memória que me deixa será sempre feliz. Eu era uma atriz improvável. Hoje ele é o meu Mestre e eu a sua musa", afirmou.

“Um mestre como Bunuel e Bergman”, diz crítico chinês 

O crítico de cinema chinês Magasa qualificou hoje Manoel de Oliveira como "um realizador único" e "um mestre da dimensão de [Luís] Bunuel e de [Ingmar] Bergman".

"Oliveira é uma lenda que abarca um período de 80 anos. Começou a filmar ainda no tempo do cinema mudo", realçou Magasan à agência Lusa, em Pequim.

"Ele está para Portugal como [Carl] Dreyer está para a Dinamarca", acrescentou.

Realizador tinha “uma criatividade e uma alegria” ímpares - João lopes

O crítico de cinema João Lopes disse que houve sempre em Manoel de Oliveira, falecido hoje, aos 106 anos, “uma criatividade e uma alegria”, no sentido de testar a linguagem cinematográfica e esse é o seu principal legado.

“Ao longo dos anos, houve sempre nele uma criatividade e uma alegria, no sentido de experimentar, de perguntar até que ponto a linguagem do cinema podia constantemente desafiar as suas próprias convenções, e essa é a herança mais forte e perene que recebemos dele”, afirmou à Lusa.

“Manoel de Oliveira é alguém que, através de uma obra de oito décadas, nos permite compreender a dinâmica, as transformações e as invenções da própria história do cinema”, começou por afirmar João Lopes, que recordou que Manoel de Oliveira “começou ainda nos tempos do mudo com ‘Douro, faina fluvial’, em 1931”.

António Preto realça obra ”profundamente crítica e radicalmente atual”

O investigador António Preto considerou que a obra do "génio" Manoel de Oliveira, que hoje morreu aos 106 anos, é "profundamente crítica e radicalmente atual", defendendo reflexão sobre o lugar do cinema no sistema português de ensino.

Em declarações à agência Lusa, em reação à morte do realizador português Manoel de Oliveira, o investigador que escreveu um livro sobre o cineasta defendeu que a sua obra, "naquilo que tem de atual e de profundamente crítico, é uma obra política, não no sentido ideológico do termo".

"Aquilo que Manoel de Oliveira nos deixa é grandioso e será uma enorme responsabilidade assegurar que tenha a longevidade que tem de ter. É importante que as escolas e o sistema de ensino português aprenderem a valorizar os maiores entre nós", considerou.

Um resistente incansável pelo cinema como arte - Cinemateca

O realizador Manoel de Oliveira, que morreu hoje aos 106 anos, foi de uma "resistência incansável em defesa da ideia do cinema como arte", disse à agência Lusa o diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa.

"Não é só um grande nome do cinema português, foi um dos grandes nomes de todo o cinema moderno. Nas décadas recentes representa uma resistência incansável em defesa da ideia do cinema como arte, contra a ideia de cinema como produto comercial e mesmo como produtor cultural", sublinhou.


Lusa


 
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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