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Nacional
Natália Ribeiro  com Fotos: João Cabral em 20 de Junho de 2010 às 19:27
Mário Cordeiro divide o seu tempo livre com os filhos e os netos
Cresceu rodeado de crianças e com um pai pediatra. É o mais novo de oito irmãos, foi tio aos 10 anos e tem mais de 20 sobrinhos e quase 30 sobrinhos-netos. Mário Cordeiro é um dos mais prestigiados pediatras portugueses e já escreveu três livros de poesia, três romances, uma peça de teatro e várias obras didácticas sobre as diferentes fases da vida de uma criança.

Desta vez, no seu novo livro, «Dormir Tranquilo», o tema é o sono, essa grande dor de cabeça para os pais nos primeiros meses de vida dos bebés.

Ao lado dos filhos, Pedro, de 31 anos, Eduardo, de 8, os gémeos, Zé Maria e Tomás, de 6, e dos netos, António, de quase 2, e Helena, de 1 - o pediatra é ainda pai de Filipa, de 29 anos, que não esteve presente nesta sessão fotográfica -, Mário Cordeiro esteve à conversa com a Lux num jardim perto da sua casa, em Lisboa.

Lux - Que razões o levaram a escrever este livro sobre o sono?

Mário Cordeiro - Este tema é de uma enorme frequência. Eu quase diria que mais de metade dos pais, a uma determinada altura da vida das crianças, passa um mau bocado e tem muitas interrogações por causa dos problemas de sono dos fi lhos. Além disso, os problemas de sono têm muitas implicações na vida das pessoas. Após umas noites sem dormir ou a dormir muito mal, a pessoa perde a lucidez, fi ca incapaz de trabalhar e irritadiça. E os pais e as pessoas em geral desconhecem muito em relação ao sono. É impressionante, tendo em conta que passamos um terço da vida a dormir. Quando não sabemos o que uma coisa significa e ela nos aparece lá em casa, ficamos a pensar logo numa coisa má.

Lux - A experiência como pai ajuda-o na sua profissão?

M.C. - Ajuda muito. Os meus filhos não foram os protótipos de bons dorminhocos. Se eu tivesse lido este livro há uns anos (risos)... Sempre fui um pai muito envolvido porque me dá gozo. Não digo isto com ar de super herói, porque não sou. Às vezes, também faço coisas erradas e que não devo.

Lux - Foi pai em fases muito diferentes da sua vida...

M.C. - Sim. Aos 23 e aos 24 e depois aos 46 e aos 47 (risos). Tudo muda, não somos os mesmos, felizmente. Não é só o que eu sei, mas também o conhecimento geral é diferente do que se tinha há 31 anos. Os meus filhos ensinaram-me muito e, apesar da diferença de idades, a matriz é a mesma.

Lux - E o pediatra avô não tem a tentação de dizer sempre o que os seus filhos devem fazer com os netos?

M.C. - Não. Eu respeito imenso a autonomia dos meus filhos, nunca tentei imiscuir-me na vida deles. Se me pedirem um conselho, estou disponível, mas acho que não nos devemos meter na vida dos outros, independentemente de estarmos de acordo ou não. Herdei do meu pai, que também era pediatra, essa mensagem: somos responsáveis pelos filhos, damos-lhes as armas todas, seja em termos éticos, de valores e tudo o resto, mas depois as opções são deles. Uma coisa é revermo-nos nos nossos filhos, outra é tentarmos que eles façam aquilo que nós não fizemos. É um erro muito frequente. Prolongarmo-nos nos nossos filhos não é arranjarmos neles aquele suplemento de anos que nós não temos. Não vamos comprar tempo na forma de filhos.

Lux - E ser um pai ainda muito activo, pela exigência das idades deles, e ao mesmo tempo um avô¿ Há muitas diferenças?



M.C. - Ainda hoje fiz o que costumo fazer às segundas-feiras, que é ir buscar os netos e passear com eles, e depois ir buscar os filhos à escola. Geralmente, vamos ao parque infantil. Não trago a profissão para casa, mas é óbvio que utilizo a mais-valia da minha profissão
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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