O sunset da revista Máxima, no Terrazza Martini, em Lisboa, foi o pretexto ideal para conversar com Nayma Mingas, Ana Sofia que são protagonistas da edição de junho da revista Máxima.
A publicação juntou estas manequins icónicas e Amilna Estêvão, manequim angolana de 14 anos, de diferentes gerações, orgulhosas das suas raízes africanas, numa produção de moda arrojada e original, que relata o percurso e a carreira de cada uma delas.
O objetivo consiste também em dizer «não» à discriminação que tantas vezes se reflete nas passerelles nacionais e internacionais.
Ana Sofia, de 27 anos, conta como «fintou o preconceito para chegar ao topo de uma indústria nem sempre preparada para a diferença», ela que já desfilou para as mais prestigiadas marcas internacionais: «Cheguei a perder grandes trabalhos porque o cabeleireiro simplesmente não queria mexer no meu cabelo.»
Conhecida pela famosa cabeleira afro, que é já a sua imagem
de marca, a modelo de origem cabo-verdiana foi descoberta aos 14 anos e começou a trabalhar dois anos depois. Com mais de 10 anos de carreira, faz um balanço positivo e confessa
à Lux quem foi a sua grande mentora: «A Nayma sempre foi uma referência para mim. Sempre a vi como uma deusa e, de repente, tornámo-nos amigas. Foi ela quem me ensinou a andar de saltos altos, a maquilhar-me e a ir a castings. A primeira vez que saí à noite foi com ela, porque foi a minha casa pedir autorização à minha família. Portanto, é uma referência e uma amiga», recorda a modelo e apresentadora.
Nayma Mingas, de origem angolana, representa na perfeição a imagem da mulher africana, bonita, elegante e bem-sucedida.
Além de continuar a pisar as passerelles, faz também trabalho de bastidores na moda. Vive entre Angola e Portugal e, à revista Máxima, relatou memórias do passado: «No meu início de carreira, houve discriminação pura e dura. Não foi fácil, pois ninguém gosta de lidar com a rejeição aliada ao preconceito.»
Nayma sofreu na pele a questão do racismo. Chegou mesmo a não ir a castings porque o cliente «não queria negras». Diz que foi a sua «perseverança» que a fez vingar no mundo da moda: «Não devemos ter medo da diferença. Felizmente,
o mercado está a mudar muito, principalmente desde o The Black Issue da Vogue Itália, no sentido de puxar mais pelas
manequins não caucasianas, mas pelas africanas e asiáticas. Acho muito bom que Portugal faça parte desse movimento», explica Nayma, hoje com 40 anos.