O conto «Os Ciganos», inédito inacabado de Sophia de Mello Breyner Andresen, é «uma história de liberdade e de compreensão daquele que é diferente», disse Pedro Sousa Tavares, neto da escritora a quem coube a tarefa de o terminar.
O conto, editado pela Porto Editora, com ilustrações Danuta Wojciechowska, é apresentado na terça-feira às 19:00 pela escritora Hélia Correia, na Livraria Bertrand-Chiado, em Lisboa.
A primeira edição de 3.000 exemplares, segundo fonte da editora, «deverá esgotar rapidamente, a avaliar pelos pedidos feitos que ultrapassam em dois terços esta cifra».
A edição identifica a azul a primeira parte do conto, da autoria de Sophia de Mello Breyner Andresen e preto a escrita pelo neto.
O jornalista Pedro Sousa Tavares estreia-se literariamente ao ter aceitado a proposta da tia, a poetisa Maria Andresen de Sousa Tavares, para terminar o conto que em 2009 foi encontrado no espólio da poetisa.
Sousa Tavares levou cerca de oito meses a escrever e a encontrar um final que não desvirtuasse o início da história idealizada pela avó, para tal «muito contribuiu» o nascimento do segundo filho do jornalista.
«Como fiquei em casa e tirei férias, aproveitei para começar a ordenar ideias», disse.
A «ponte» entre a narrativa de Sophia e a de Pedro Sousa Tavares «é um gato» que acidentalmente surgiu à janela do jornalista sempre que este se colocava ao computador. Gato a quem o autor chamou «Polícia».
A justificação do batismo é dada por uma das personagens do conto, «Gela»: «Ele [o gato] entra pelas nossas carroças sem pedir licença e deixa tudo desarrumado. Por isso ficou com esse nome».
Em declarações à Lusa, Sousa Tavares afirmou: «Escrevi à minha maneira o final daquele livro», referindo em seguida «a forma muito característica de escrever de Sophia, que tinha uma escrita na sua essência».
Lusa