Julian Assange elegeu o diário espanhol «El País», um dos jornais a que enviou os telegramas diplomáticos norte-americanos, para dar a primeira entrevista fora da prisão.

Nela, o australiano, de 39 anos, relata como foram passados os 9 dias que esteve em Wandsworth. Transferido três vezes de cela, Julian Assange garante que as condições se foram tornando «cada vez mais duras».

«Primeiro, estive numa cela provisória. Ao contrário dos outros presos, a minha cela estava sempre fechada. Depois, fui transferido para a ala Onslaw, que tem 350 prisioneiros e são os que representam perigo físico para os outros prisioneiros ou guardas: pessoas que supostamente foram condenadas por crimes sexuais, assassínios de crianças...

Havia pedófilos enlouquecidos que gritavam toda a noite sobre os seus crimes», relata.

A curiosidade que suscitava e o risco de ser morto dentro da cadeia levaram a que, por fim, o fundador do WikiLeaks fosse transferido para uma unidade de isolamento, «para onde são enviados os prisioneiros indisciplinados», explica.

Apesar de tudo o que passou, Julian Assange ainda brinca com um episódio insólito vivido na prisão. O australiano estava a almoçar quando sentiu um objeto metálico, misturado no arroz com feijão, que lhe partiu um dente. Chegou à cela, guardou o dente e ausentou-se durante uma hora. Quando voltou, este já lá não estava: «Em breve estará à venda no eBay», brinca.

Recorde-se que Julian Assange saiu em liberdade condicional no dia 16 de dezembro. O australiano foi detido no dia 7, depois de se ter entregado voluntariamente à polícia britânica, após ter tomado conhecimento de um mandado de captura internacional, emitido na Suécia, para que respondesse a acusações de dois crimes sexuais.

Sobre esse assunto, Julian Assange é perentório: «Nunca tive relações sexuais com ninguém sem o seu consentimento».

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