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Internacional
Aos 60 anos, Michelle Yeoh recebe a sua primeira nomeação e torna-se na primeira asiática a concorrer ao Óscar de Melhor Atriz
Michelle Yeoh - Estreia de "Julieta" - 69º Festival de Cinema de Cannes 17.05.16 Foto: Reuters
Redação Lux em 3 de Março de 2023 às 18:00

Michelle Yeoh confessa que se sentia um pouco posta de lado. Aos 60 anos, à atriz malaia, que se mudou com a família para o Reino Unido quando tinha 15 anos, e que começou nos filmes de ação de Hong Kong na década de 1980 e daí construiu uma sólida carreira, que passou por filmes como “Police Story 3: Super Cop” (1992), “007 – O Amanhã Nunca Morre” (1997), “O Tigre e o Dragão”, de Ang Lee (2000), “Guardiões da Galáxia Vol. 2” (2017) ou “Asiáticos Doidos e Ricos (2018)”, foi-lhe dito que era “demasiado velha” para continuar a trabalhar. E eis que surge o seu primeiro papel de protagonista num filme americano, na comédia surreal de ficção científica “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo”, de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, que, ainda assim, registe-se, foi antes oferecido a uma estrela masculina, Jackie Chan.

“Conforme se envelhece, os papéis ficam mais pequenos. Parece que os números sobem e estas coisas encolhem e depois começa-se a ser relegado cada vez mais para as margens. Uma pessoa envelhece e as pessoas começam a dizer: ‘Pois, devias retirar-te. Devias fazer isto, devias fazer...’ Não. Não me digam o que fazer. Sou eu que devo controlar o que consigo fazer, certo?”, contou no mais recente episódio do podcast The Envelope, do Los Angeles Times – “Portanto, quando chegou o ‘Tudo em Todo o Lado...’ foi muito emocional.”

O filme transformou-se num êxito e Yeoh entra em 2022 com a sua primeira nomeação para os Globos de Ouro, que venceu, e, agora, a cereja no topo do bolo, está nomeada para o Óscar de Melhor Atriz. “A primeira coisa é que se fica a sentir como – ‘Finalmente, obrigada. Vocês estão a ver-me, realmente a ver-me, e a dar-me a oportunidade de mostrar que sou capaz de fazer tudo isto.’” Este é um marco importante a nível pessoal, mas que tem um significado maior: é a primeira vez que uma atriz asiática está nomeada para o Óscar de Melhor Atriz e, portanto, Yeoh poderá, no dia 12 de março, tornar-se na primeira mulher asiática a triunfar na categoria. “Já pensei sobre isso. E não sou só eu, acredito que toda a minha comunidade asiática tem pensado sobre isso. Eles vêm ter comigo e dizem – ‘Tu estás a fazer isto por nós’”, admitiu a atriz à Time.

”Noventa e cinco anos de Óscares… Claro que estou nas nuvens, mas sinto-me um pouco triste, porque sei que houve atrizes incríveis da Ásia que vieram antes de mim, e ponho as mãos nos seus ombros. Espero que isto estilhace esse maldito teto de vidro sem fim, que isto continue e que vejamos mais dos nossos rostos lá em cima”, disse ao NY Times, acrescentando – “É uma homenagem a dizer ‘nunca desista’. Levei 40 anos, mas está aqui.”

Michelle Yeoh vive este auspicioso momento de carreira ao lado do executivo do automobilismo francês Jean Todt, de 76 anos, com quem começou a namorar em 2004. O noivado foi anunciado em 2005, mas, quase 18 anos depois, nunca chegaram a subir ao altar. O casal tem uma mansão em Genebra, na Suíça, perto do filho de Todt, onde se juntam como família. Yeoh foi anteriormente casada com o empresário chinês Dickson Poon. Em 1988, quando casou, deixou de atuar para constituir família, mas voltou ao cinema dois anos depois, já separada.

Numa entrevista para a Bustle, assumiu que o facto de não conseguir ter filhos foi parte do motivo do divórcio. “Acontece que não consegui [ter filhos]. E para ser honesta comigo mesma, não queria que ficássemos amargos 10 anos depois. Porque, nas famílias asiáticas, as pessoas querem ter filhos e filhas, eles são uma extensão e um legado. E quando percebemos que não podemos ter filhos, temos de lidar com isso.”

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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