A primeira ministra negra da história da política italiana, Cecile Kyenge, foi comparada a um orangotango pelo senador Roberto Calderoli, ex-ministro de Silvio Berlusconi e vice-presidente do partido anti-imigração da Liga Norte.
Durante um encontro do seu partido, o senador afirmou que Kyenge «faz bem ser ministra mas talvez devesse fazê-lo no seu país (...) Consolo-me quando ando a navegar pela Internet e vejo fotos do Governo. Eu amo os animais (...) mas quando vejo as imagens de Kyenge, não posso deixar de pensar nas semelhanças com um orangotango, mesmo que não diga que ela é um deles».
Cecile Kyenge, que nasceu na República Democrática do Congo, é ministra para a Integração.
Este domingo de manhã, o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, reagiu num comunicado oficial.
«As palavras noticiadas pela imprensa e atribuídas ao senador Calderoli a propósito de Cecile Kyenge são inaceitáveis e ultrapassam todos os limites», afirmou.
Já o presidente do Senado, Pietro Grasso, exigiu um pedido de desculpas, tal como a presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, que condenou as «palavras vulgares e indignas».
Por sua vez, Cecile Kyenge afirmou à agência Ansa, que não levou «pessoalmente as palavras de Calderoli, mas fico triste pela imagem que dão da Itália».
«Creio que todas as forças políticas devem refletir sobre o uso que fazem da comunicação», acrescentou.