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Vice-almirante Gouveia e Melo despede-se da missão que lhe valeu o título de “herói”: “Vou voltar ao anonimato das minhas funções militares„
Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo Foto: Artur Lourenço/Lux
Redação Lux em 11 de Outubro de 2021 às 09:00

Até fevereiro deste ano, poucos conheciam o nome de Henrique Gouveia e Melo mas passados oito meses o seu nome está, e estará para sempre, ligado ao plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal. O vice-almirante da Marinha, de 60 anos, foi eleito para assumir o comando da Task Force, na sequência da demissão do anterior coordenador Francisco Ramos e, à luz dos resultados obtidos, o cargo não podia ter estado em melhores mãos. Em tempo recorde, traçou um plano eficaz com a ajuda da sua equipa – composta por 35 pessoas – e conseguiu vacinar mais de 8 milhões de portugueses colocando Portugal à frente dos países mais vacinados do mundo. Na verdade, no dia em que Gouveia e Melo se despediu das suas funções, a 28 de setembro, o primeiro-ministro António Costa assinalou o “sucesso” do trabalho do vice-almirante, numa missão que apelidou de “espinhosa”. De facto, até atingir a meta de quase 85% da população inoculada com as duas doses da vacina contra a Covid-19, a tarefa de Gouveia e Melo não foi facilitada e teve de enfrentar vários obstáculos.

“Nós aprendemos sempre em todos os processos, há coisas que correm melhor, outras que não correm como desejaríamos mas o processo correu de forma muito positiva”, disse Gouveia e Melo durante a Leadership Summit Portugal, no Casino Estoril, acrescentando que enquanto líder da Task Force contou com a preciosa ajuda da sua formação militar e com uma “população fantástica que interiorizou a vacinação como ato de saúde pública como algo importante”.

De fora, ficou uma pequena percentagem anti-vacinação que fez de Gouveia e Melo alvo de duras críticas e até de confrontos físicos, tal como aconteceu em agosto, quando foi chamado de “assassino” por um grupo de manifestantes à porta do centro de vacinação em Odivelas. Perante os ataques, o vice-almirante, que usou sempre o uniforme de combate, pois “isto foi uma guerra”, como disse, manteve sempre uma postura calma e serena, de respeito pela opinião dos outros, mas contra a violência.

 

“Para nós, militares, é-nos ensinado que liderança é um ato de exemplo, primeiro, um ato de proximidade e de camaradagem”, disse o vice-almirante, que fez questão de estar próximo das pessoas, mesmo nos momentos mais críticos, dando sempre a cara e sendo transparente.

“Para quem está a ser avaliado por dez milhões de pares de olhos, escrutinado pela comunicação social, não ser transparente é perigosíssimo. A transparência não é uma prenda que se dê ao público, temos de cumprir com o direito que o público tem em ser informado”, afirmou, recusando, com modéstia, o título de grande líder.

Casado com a psicóloga Carol Costeloe de Gouveia e Melo há mais de três décadas, e com dois filhos, o vice-almirante tirou três dias de férias antes de voltar ao anonimato – aquele que lhe será possível depois da exposição dos últimos meses – e ao cargo de Adjunto do Planeamento e Coordenação do Estado-Maior General das Forças Armadas.

“Acho que temos de estar todos contentes por termos feito em conjunto uma coisa que vai ficar na História. Vou voltar ao anonimato das minhas funções militares”, disse Gouveia e Melo, apelidado pelo jornal Financial Times como o “herói discreto de Portugal na luta contra a Covid-19”.

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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