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Nacional
Numa entrevista emotiva, Judite Sousa fala pela primeira vez da morte do filho
Judite de Sousa e André Sousa Bessa - Festa Lux/TVI Foto: Tiago Frazão/Lux
Redação Lux em 20 de Maio de 2022 às 11:00

Foi a 29 de junho de 2014 que Judite Sousa sofreu o golpe mais duro da sua vida, com a morte de André, o seu único filho, de 29 anos, num acidente numa piscina. Passados estes anos, a jornalista falou pela primeira vez sobre a perda, numa entrevista a Manuel Luís Goucha, onde a emoção foi impossível de conter.

“O tempo ajuda-nos a conseguir ver os acontecimentos trágicos de uma outra forma, com mais serenidade, mais ponderação… Ou seja, quando morre um filho nunca se consegue verdadeiramente fazer o luto na sua plenitude, mas tem de se fazer alguma coisa. E foi isso que fiz nestes últimos três anos”, disse, sobre o período entre a sua saída da TVI, em 2019, e o regresso aquando o arranque da CNN Portugal, o ano passado, quando, aconselhada pelo médico que a segue, sentiu que “poderia voltar a trabalhar”.

Porém, até esse momento, Judite Sousa passou por uma depressão grave que a levou a tentar pôr termo à vida. “A morte de um filho tem uma dimensão completamente distinta. Nesses casos, as pessoas caem em situações de limite e isso aconteceu comigo“, desabafou, explicando: “Quando o André faleceu não houve ninguém, mas ninguém, a começar pelos médicos, a dizer que eu tinha de parar para fazer o luto do meu filho. E foi por isso que voltei a trabalhar em setembro. As pessoas que me falaram na altura disseram que eu devia voltar a trabalhar, como forma de me salvar, mas na realidade, vim a perceber mais tarde, o luto devia ter sido feito nessa altura. Acabei por fazer o luto nestes últimos três anos”, confessou, acrescentando: “O tempo não resolve o problema de fundo, como é óbvio. O cardeal Tolentino Mendonça disse uma vez que ‘a morte de um filho é um naufrágio’, e eu subscrevo, inteiramente.”

Quando Manuel Luís Goucha lhe pergunta se ainda se sente uma “náufraga”, Judite Sousa responde, emocionada: “Eu e o pai, para a vida toda, não é?” Na conversa em que recordou o filho, “um ser excecional”, “brilhante” e que “viveu intensamente”, a jornalista contou com mágoa que muitos dos seus amigos a abandonaram quando ela mais precisava, à exceção dos amigos do filho, que mantiveram sempre o contacto com ela: “Estes são os meus maiores amigos. Muitos outros amigos que me acompanhavam há 40 anos voltaram-me as costas. O ser humano é muito imperfeito e há pessoas que, sendo minhas amigas há 40 anos, não aguentaram as minhas lágrimas ou não aguentaram as lágrimas que eu podia acrescentar à tristeza das suas próprias vidas. Só posso ter piedade em relação a essas pessoas que me voltaram as costas.”

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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