O Teatro Experimental de Cascais (TEC) adiou sine die a inauguração marcada para hoje de uma exposição de fotografias da peça «O Mar»,iniciativa que evocava o ator António Feio, que se estreou naquela companhia.

Em declarações à agência Lusa, o codiretor do TEC, João Vasco, acrescentou que «o adiamento resulta da sugestão de uma três filhas de António que, numa mensagem de correio eletrónico conjunta com as duas irmãs, considera que devíamos manter um prazo de luto maias alargado».

Este responsável do TEC falava à Lusa a propósito de uma evocação de António Feio marcada para hoje à tarde no Espaço Memória do TEC, em Cascais, durante a qual ficaria também exposta a maqueta original da peça «O Mar» de Miguel Torga ¿ estreada a 05 de maio de 1966 ¿ da autoria de Almada Negreiros.

A homenagem a António Feio incluía ainda uma placa em memória do ator que mais tarde seria fixada nas paredes do Auditório Mirita Casimiro, no Monte Estoril.

«Compreendo perfeitamente e, mais do que tudo, respeito a posição das filhas ¿ tal como o TEC -, pelo que mantemos a intenção de homenagear o António mas numa altura em que a família considere mais oportuna», sublinhou João Vasco.

Acrescentou que a exposição «continuará montada no Espaço Memória do TEC, fechada e sem que possa ser visitada por ninguém».

João Vasco disse ainda compreender que os filhos do ator estivessem «sentidos» por não terem sido contactados para a cerimónia, alegando, porém, que este facto se deveu à sua impossibilidade pessoal de obter os contactos de todos em tempo útil.

«Admito que me precipitei e que cometi uma falha de organização», confessou, sublinhando ter sido com a «melhor das intenções» que o TEC prestava homenagem ao ator que se estreou profissionalmente naquela companhia, aos 11 anos de idade.

Na segunda feira, na página de António Feio no Facebook, os quatro filhos do ator manifestavam «tristeza e indignação» por não terem sido consultados nem convidados para a cerimónia de evocação do pai.

Também a filha mais velha do ator ¿ Bárbara ¿ disse na terça feira à Lusa que nem ela nem os três irmãos tinham sido convidados.

Além disso, considerava que a evocação do pai nesta altura era «precipitada» e não respeitava o tempo de luto que os filhos do ator mereciam.

«Só ontem consegui contactar com eles, mas o mais importante é que respeitamos a posição e a dor deles e só faremos a cerimónia quando eles se mostrarem preparados para tal», frisou João Vasco.

O responsável do TEC disse ainda que teria o «maior prazer que os filhos do ator fossem os primeiros a visitar a mostra, antes desta abrir ao público, mas só quando se sentissem em condicões emocionais para tal», mostrando-se ainda recetivo a contributos e sugestões deles em relação a melhorias na mostra.