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A transpiração excessiva
Exercício
Redação em 8 de Setembro de 2009 às 12:19
A sudação faz parte dos mecanismos de que o organismo dispõe para regular a temperatura. Quando

a transpiração excede o necessário para o normal funcionamento do corpo, fala-se de hiperhidrose.

A hiperhidrose pode surgir como expressão de doença subjacente. Nessa circunstância, o aumento de transpiração é habitualmente generalizado. A doença responsável é, no geral, evidente e o tratamento da sudação excessiva depende do tratamento da doença de base.

A hiperhidrose também pode surgir de modo primário, não reflectindo a existência de qualquer doença. É o que acontece nas situações de sudação excessiva, mantida ao longo do tempo, que afecta mãos, pés, axilas ou cabeça.

Não há muitos estudos que tenham avaliado a incidência de hiperhidrose localizada. Em jovens israelitas encontrou-se 1% de incidência, nos EUA foi de 2,8%.

Este não é, de facto, um problema raro e pode interferir de modo importante na vida do indivíduo. A causa da sudação excessiva localizada não é completamente conhecida. Sabe-se que há uma desregulação ao longo da via cérebro-hipótalamo-sistema nervoso simpático-glândulas sudoríparas, mas falta-nos o conhecimento íntimo do que não funciona.

Apesar disso, é possível ajudar as pessoas que sofrem de hiperhidrose localizada. A primeira etapa é confirmar o diagnóstico de hiperhidrose localizada. Desde que o aumento de transpiração afecte axilas, mãos, pés ou face de modo bilateral e simétrico, tenha surgido na infância ou na adolescência e não haja evidência de doença subjacente, o diagnóstico impõe-se.

O tratamento da hiperhidrose depende das zonas afectadas, no entanto, a aplicação de cremes ou soluções contendo cloreto de alumínio é a primeira medida terapêutica em quase todas as pessoas.

Estes produtos, sendo de utilização doméstica, são muito práticos. A potência aumenta com a concentração de cloreto de alumínio. Infelizmente, a capacidade de irritar a pele também, por isso as concentrações mais elevadas só podem ser utilizadas sob acompanhamento dermatológico permanente porque a necessidade de tratamentos complementares para evitar queimadura química é quase sempre útil.

Quando o uso de produtos de aplicação local não funciona do modo desejado, a segunda linha de tratamento é muitas vezes o recurso à administração de toxina botulínica. Esta

substância, cujo uso se popularizou no tratamento de alguns tipos de rugas, é de grande utilidade na correcção da hiperhidrose.

A efi cácia da toxina botulínica nestes tratamentos é elevada, já que cerca de 94% das pessoas têm redução da sudação na ordem dos 83%. Os efeitos acessórios são geralmente diminutos. Após uma única sessão de tratamento, o benefício perdura por sete meses na maioria dos doentes.

Na última linha de tratamento, encontra-se a opção cirúrgica. Esta tem o benefício inquestionável da longevidade do resultado.

Durante anos fez-se a remoção de parte significativa das glândulas geralmente por raspagem cirúrgica. Mais recentemente, faz-se a secção do simpático por endoscopia. Este tratamento é especialmente útil na correcção da hiperhidrose das mãos.

É verdade que nem todos os casos de sudação excessiva são resolúveis. De todo o modo, para as pessoas que sofrem de hiperhidrose, o conhecimento de que a medicina actual pode

oferecer soluções é importante. Este problema não é necessariamente uma fatalidade.

Contactos: Hospital CUF Descobertas

Miguel Peres Correia
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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