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Crianças
Saúde: Outra vez a discutir? I
Crianças com ansiedade IOL Mãe
Redação Lux  com Paulo Oom em 28 de Outubro de 2010 às 11:01
Parece impossível que duas crianças, fi lhas do mesmo pai e da mesma mãe, com uma educação tão cuidada, estejam sempre a discutir. Por tudo. E por nada também, que parece ser fácil encontrar assunto ou situação sobre a qual iniciar uma disputa. E o resultado? Crianças zangadas, que se batem, aos gritos, infelizes. E pais mais infelizes ainda, pois não foi para isso que quiseram ter filhos e custa-lhes (dói, revolta) assistir àquele espectáculo constante de agressões verbais, incluindo o «nunca mais te falo», «não contes mais comigo», ou coisas piores. Às vezes, parece que tudo o que é necessário para o início de uma discussão é estarem a menos de um metro uma da outra. Como se fosse inevitável...

Não há receitas mágicas (infelizmente) nem varinhas de condão (que pena¿), mas algumas atitudes dos pais podem ajudar a resolver a situação ou, pelo contrário, a deitar álcool na lareira...

Comece por aceitar que é normal as crianças discutirem.

Porque precisam de atenção, porque estão aborrecidas e sem nada para fazer, porque estão ressentidas e invadidas pelo ciúme ou pela inveja em relação ao irmão ou simplesmente por rebeldia, quando se sentem vítimas de alguma injustiça. É normal. De certa forma e dentro de certos limites, até é saudável. Onde melhor poderão elas praticar as técnicas de que vão necessitar em ambientes mais adversos, como a escola ou, mais tarde, o seu emprego?

A primeira regra é ensinar às crianças que todos somos diferentes, mas que existem regras de convivência que devem ser respeitadas. Não gritar e não bater são as mais importantes. Discutir não é o mesmo que lutar. Em seguida, é fundamental que os pais não intervenham no momento quente da discussão, a não ser que a integridade física de alguma delas esteja em perigo. As crianças devem resolver sozinhas aquilo que começaram, sem a muleta dos pais. É dessa forma que aprendem a negociar, a fazer concessões, a fazer valer o que consideram ser justo e razoável.

Pais que saltam imediatamente para dentro da discussão dos filhos, com o objectivo, bem-intencionado, de a terminar de imediato, estão a impedi-los de conseguir desenvolver aquelas competências. Pequenas discussões, mesmo se muitas, devem ser ignoradas (eu sei que custa). Se algum compromisso for conseguido pelas crianças, sem interferência dos pais, cada uma delas se sente mais responsável por cumprir o prometido, pois ambas contribuíram para uma solução, em vez de esta lhes ter sido imposta. Caso contrário, é normalmente uma bola de neve: quanto mais os pais intervêm em pequenas discussões, menos vezes as crianças conseguem resolver os seus assuntos sozinhas.

Por vezes, pode ser importante intervir após a discussão, explicando, aos dois, em simultâneo ou em separado, aquilo que deve e não deve ser dito ou feito durante uma discussão, de forma a dirigir a criança para caminhos de maior respeito pelo outro: saber falar, saber ouvir, pedir desculpa, aceitar desculpas.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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