O Dalai Lama, líder espiritual tibetano, anunciou hoje que vai abandonar as funções políticas no Governo tibetano, que exerce no exílio há mais de meio século, transferindo esse poder para um representante eleito.

Num discurso, em Dharmsala, contra as autoridades chinesas, o Dalai Lama, de 75 anos, insistiu que o governo tibetano exilado naquela cidade indiana deve ter mais poder e garantindo que em breve vai propor emendas à Constituição para encetar as mudanças pretendidas.

A China já reagiu às declarações do Dalai Lama acusando-o de tentar «enganar a comunidade internacional»: «Nos últimos anos, ele falou muitas vezes acerca da sua reforma. Penso que isso faz parte dos seus truques para enganar a comunidade internacional», disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Jiang Yu, citado pela Lusa.

Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, era, até aqui, ao mesmo tempo, o líder temporal e espiritual do povo tibetano.

Os Dalai Lamas são tidos como manifestações de Avalokiteshvara ou Chenrezig, o Bodhisattva da Compaixão e patrono do Tibet.

Um Bodhisattva é um ser iluminado que adiou sua entrada no nirvana (o estado de libertação do sofrimento) e escolheu renascer para servir à humanidade.