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Nacional
Rita Guerra revela a história de terror e violência que viveu no primeiro casamento com apenas 16 anos
Rita Guerra fotografada para a Lux Foto: Artur Lourenço/Lux
Evelise Moutinho em 6 de Março de 2015 às 10:43
«Já sofri agressões físicas, já vivi presa em casa, fechada à chave e proibida de falar com a minha família. Sei o que é viver sob ameaças e acordar e deitar-me com medo - daquele que paralisa. Sei o que é violência e sei o que é o medo. E sei que são inseparáveis. Foram precisos muitos anos até ser capaz de dizer: Não. Chega. Mas quando se aprende, não se esquece», conta Rita Guerra na sua biografia, «No Meu Canto - Todos Temos o Direito de Ser Felizes!», da Oficina do Livro. Um livro que põe a nu a violência doméstica de que foi vítima no seu primeiro casamento, aos 16 anos, com um homem 12 anos mais velho, que durou quatro anos e fruto do qual nasceu o seu primeiro filho, Nuno, agora com 30.

Tudo começou na primeira noite: «Após a cerimónia, foram-me dadas pelo meu marido diretrizes acerca de como as coisas passariam a funcionar a partir dali. Disse-mo ao passarmos a ponte sobre o Tejo, a caminho da lua de mel. E eu não gostei nada do que ouvi. Houve qualquer coisa na maneira como aquilo foi dito que me deixou sem ar. Percebi que tinha entrado num buraco negro. Lembro-me tão bem dessa sensação, um frio a percorrer-me. Ainda hoje, tantos anos depois, sempre que passo na ponte, revivo esse momento. O momento em que tomei consciência de que me encontrava sozinha (e estava, porque, pouco tempo depois, fui praticamente proibida de falar com os meus pais) e tinha começado

a cair. A pique. É-me difícil explicar como antevi o pior naquela meia dúzia de palavras. Infelizmente, acertei em cheio», pode ler-se.

Apesar desta revelação, a cantora afirma que o livro não é sobre violência doméstica, mas sobre si, a sua vida e a sua carreira.

«Ponderei muito sobre se devia ou não falar da violência, porque é um assunto íntimo e que me marcou muito. Precisamente porque sei que é uma situação que

continua a acontecer cada vez mais, ou, pelo menos, a ser ¿ felizmente - mais denunciada e pública, quero que as mulheres percebam que não estão sozinhas, que acontece a mais pessoas, que é preciso não viver com medo, não viver no silêncio, porque o silêncio torna o agressor mais forte e não nos salva de absolutamente nada.», disse à Lux.

No livro, assume a sua culpa no falhanço das relações, mas admite que teve sempre má pontaria na escolha dos seus amores. Não explica de quem fala, nem diz nomes, mas ficaram sobejamente conhecidos os relacionamentos traumáticos com o bailarino Ricardo Regueira, com quem esteve oito anos e meio e não chegou a casar-se, e com o ator António Pedro Cerdeira, em que o casamento-relâmpago durou apenas alguns meses: «...Conviver com uma pessoa de que gostei muito mas que era extremamente infantil revelou-se muito frustrante. Sei o que é lidar com um homem bipolar, sei o que é ter ao meu lado alguém que tem inveja do meu sucesso e do meu talento. Sei o que é descobrir de repente que o meu parceiro bebe às minhas escondidas e consome cocaína, sem nunca mo ter dito, algo com que eu nunca tinha convivido e com que de repente tive de tentar aprender a lidar (e não consegui). Sei o que é ficar trancada em casa para um companheiro ir fazer as suas noites de fim de semana com os amigos e com as amigas e aparecer alcoolizado às sete da manhã...», admite.

Aos 47 anos, com quatro casamentos falhados e mais dois filhos, Diogo, de 23 anos, e Madalena, de 8, Rita confessa que está pela primeira vez sozinha e que está a gostar de estar focada em si, na família e no trabalho: «Prefiro mil vezes estar bem no meu canto do que mal acompanhada»...

Entrevista completa publicada na edição 775 da Lux
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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