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Nacional
Mentir - parte II
Crianças
Redação Lux  com Paulo Oom em 10 de Julho de 2010 às 09:01
Uma mãe, ao ouvir um relato contado por uma filha, sobre acontecimentos que tiveram lugar no recreio da escola, e que motivaram uma nota da professora, pode indagar alguns pormenores e tecer algumas considerações.

Mas deve depois verificar se a história é verdadeira. Caso verifique que a criança mentiu deve-lhe fazer ver que a mentira é desnecessária, não pode ser tolerada, não altera a realidade e não é uma forma de resolver os problemas e fugir às responsabilidades.

Tudo isto deve ser dito com calma e com a preocupação de condenar o acto (a mentira) e não a filha. Ela mentiu, não é uma mentirosa. Ela errou, não é uma falhada. Ao mesmo tempo, a mãe pode aproveitar para conhecer melhor a filha; tentar perceber porque é que a situação chegou àquele ponto, e descobrir com ela que outras atitudes poderá ter no futuro que lhe permitam contornar ou resolver os seus problemas sem chegar à necessidade de bater nas amigas ou de mentir à mãe. Neste sentido, esta situação representa uma oportunidade excelente para educar a filha pela positiva, mostrando que continua a confiar nela.

Obviamente que se a filha mentiu, não poderá passar por tudo isto sem sofrer algum tipo de penalização. Poderá ser apenas uma reprimenda ou, em alternativa, ser colocada de castigo ou retirado algum privilégio de forma temporária.

A mãe tem de ser criativa e, conhecendo a filha, perceber qual a atitude que poderá ser mais eficaz. Uma coisa é certa: a criança tem de perceber que a mentira não é tolerada e tem consequências. Mas tem de o perceber de uma forma tranquila e sem medo, para que numa próxima vez possa contar tudo à mãe sem rodeios e não se torne, com o tempo, numa mentirosa cada vez mais elaborada. Por fim, a criança deve reparar o seu erro. Se bateu na colega, deve pedir desculpa, de preferência de uma forma natural e espontânea.

Todas as crianças mentem, pelo que não é a mentira que nos deve preocupar. O que nos deve verdadeiramente preocupar é a criança que nunca mente ou a que mente com muita frequência. Ambos os casos podem ser sinais de ansiedade e receios subjacentes a um ambiente familiar demasiado punitivo para com a criança, que se torna incapaz de se expressar livremente, por receio das consequências, ou que utiliza a mentira como forma natural para distorcer uma realidade em que vive, mas de que não gosta.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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