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Crianças
Mentir - parte I
Crianças
Redação Lux  com Paulo Oom em 10 de Julho de 2010 às 09:00
Todas as crianças até aos cinco anos mentem. Nos primeiros anos de vida a fantasia da criança pode levá-la a acreditar em factos que não aconteceram. A sua cabeça está cheia de histórias de encantar, que o pai, a mãe ou a educadora não se cansam de contar e por vezes existe alguma indefinição entre a realidade e a ficção.

Teve medo de um cão que era quase do tamanho de um elefante? Pois bem. Não lavou os dentes porque o tubo de pasta não devia ter nada no interior? Pois é. São mentiras inocentes, fruto da imaginação fértil, própria dessa idade, e de certa forma saudáveis, sinais de saúde emocional. Não devem preocupar os pais.

Outras vezes a criança mente porque não entendeu a pergunta. Quando, antes do jantar, a mãe pergunta à filha: «Já lavaste as mãos?», esta pode ser uma pergunta traiçoeira. A criança de 4 anos pode dizer que sim, mesmo que a última vez que o tenha feito tenha sido à hora do almoço. Mas não o faz por mal. A mãe é que devia ter perguntado: «Foste lavar as mãos agora, antes do jantar?», para não dar azo a mal-entendidos.

Nas crianças mais velhas e nos adolescentes a mentira pode surgir por razões completamente diferentes. Nestas idades, as mentiras são muitas vezes estratégicas. Seja porque podem ser úteis para conseguir alguns benefícios - «Já fizeste os trabalhos de casa?» - ou porque podem permitir não assumir algumas responsabilidades - «Quem partiu o candeeiro?». E aqui o significado da mentira é tanto mais grave quanto mais velha é a criança e quanto mais frequente se torna.

Os pais não podem fugir às suas responsabilidades, pois eles são o modelo preferencial dos seus filhos. Quando o telefone toca e o pai diz para o filho: «Atende, mas se for para mim diz que não estou», está a passar a mensagem de que mentir é aceitável em determinadas condições. Que condições, e até que grau, é muitas vezes subjectivo e pode dar azo a muitas interpretações. O principal papel dos pais é dizer a verdade, elogiar a verdade e ensinar a dizer a verdade. Em seguida, elogiar a criança quando, numa situação difícil, ela não mentiu e disse a verdade, mesmo sendo inconveniente. Por fim, ter a preocupação em não deixar que a mentira funcione, ou seja, que a criança não tenha qualquer benefício ou não consiga fugir às suas responsabilidades por ter mentido.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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