Convidado pelo Festival True Tales, que decorreu no Cinema São Jorge, em Lisboa, Miguel Esteves Cardoso partilhou algumas histórias de vida com Clara Ferreira Alves, sua amiga de longa data, numa conversa divertida e marcada pelo seu peculiar sentido de humor.

Dos estudos em Inglaterra à colaboração com o Expresso, do Independente às idas à praia das Maçãs, em pleno agosto, o jornalista e escritor falou sem reservas num momento singular, já que são raras as vezes que surge em público.

Na primeira fila, esteve Maria João Pinheiro, mulher de Miguel Esteves Cardoso.

«Nós estamos sempre juntos», disse Maria João, que adiantou ter dado «algumas gargalhadas» naquele fim de tarde.

Aos 58 anos, o escritor confessa que hoje não pensa «no que já passou mas sobretudo no daqui a um bocadinho». Ainda assim, gostava de voltar a ter 19 anos: «Levava a Maria João comigo. Ela teria quatro anos e eu seria preso [risos] Levava-a ao Jardim Zoológico».

Juntos há quase vinte anos anos, Miguel Esteves Cardoso e Maria João Pinheiro não escondem o forte amor que os une e que os tem ajudado a lutar contra as adversidades, sobretudo o cancro da mama, que em 2009 foi diagnosticado a Maria João e que em maio do ano passado se alastrou ao cérebro. «Este ano vamos ver... Deus queira que seja um ano sem incidentes. O melhor que pode haver é não haver novidades», confessou o escritor que defende que, perante a doença, o amor não sai reforçado: «O amor ou existe ou não existe. Estas situações não reforçam o amor. É um grande incómodo, são medos, terrores e lágrimas. São momentos, meses horríveis. Um medo de morrer muito grande, a certeza de morrer... Isso faz com que uma pessoa dê valor à vida mas não reforça o amor, o amor não pode ser reforçado. E eu tenho muita sorte. Quando se ama não é difícil dar provas de amor».