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Sónia Morais Santos sobre a adoção da cadela Molly: 'Assistir a esta transformação tem sido das coisas mais bonitas e comoventes que nós, enquanto família, pudemos assistir'
Sónia Morais Santos e Ricardo Branco com os filhos Manuel, de 18, Martim de 15 e Madalena, de 11 - Fotos: Dora António e After Click
Redação Lux em 12 de Novembro de 2020 às 17:38

Sónia Morais Santos, autora do blog Cocó Na Fralda, é a embaixadora (perfeita!) da exposição Be My Friend, projeto Be My Friend, do fotógrafo João Azevedo, que aconteceu no  piso 1 do UBBO até ao dia 1 de Novembro, com o objetivo de incentivar à adopção de um animal. A criadora de conteúdos, de 46, já tinha adotado o cão Mojito há sete anos mas, este verão, “esmagada pela insistência”da filha Madalena, a família ganhou um novo “membro feminino”. Com o publicitário Ricardo Branco, com quem está casada há 20 anos, Sónia Morais Santos tem quatro filhos, três rapazes, Manuel, de 18, Martim de 15 e Madalena, Madalena de 11 com quem partilha junta esta experiência inspiradora de acolher um animal abandonado, triste, com medo, e assistir à gigantesca transformação  operada pelo amor de todos.

Lux – Quais são os maiores obstáculos à adoção de animais?
S.M.S. – Infelizmente acho que é a vontade de ter um cão de raça, todo bonitinho, para dar estilo quando se passeia na rua com ele. E também o medo de que seja uma fonte de problemas. Que possa ser agressivo ou ter um comportamento desajustado. A verdade é que também há cães de raça abandonados, pelo que, até aqueles que não abdicam da sua vontade em ter um cão “Louis Vuitton” podem, provavelmente, encontrar um, nas inúmeras associações. Claro que haverá cães que possam ser complicados, mas acredito que o amor cura. São animais tão carentes de amor que, ao sentirem-no, devolvem.     

Lux – Tem dois cães, a Molly foi adotada após um pedido especial da sua filha Madalena. O Mojito também foi adotado? Pode contar-nos a história de como os recebeu?
S.M.S. – O Mojito foi adoptado há quase 7 anos. Eu estava grávida do Mateus e vi as fotografias daquele cachorrinho no Facebook, uma publicação da dona de uma cadela que tinha tido muitos bebés e não podia ficar com nenhum. Fiquei apaixonada. O meu marido não queria cães em casa, nem pensar, e eu fiz-lhe a cabeça. Fiz mesmo terrorismo, pus os miúdos a choramingar e, às tantas, era ele sozinho contra todos, coitado. O Mojito não foi um cão nada fácil. Era bebé quando veio, fazia os xixis e os cocós em casa e pisava tudo, demorou muito a aprender, roía tudo, e como depressa se tornou um cavalo (é um cão mesmo grande)... as tropelias que fazia eram tropelões. Mas tudo se ultrapassa com amor e persistência. Hoje o Mojito é um paz de alma, que só quer sopas e descanso. Entretanto, no verão do ano passado, apareceu uma cadela perdida aqui à. porta Trouxe-a, divulguei nas minhas plataformas e acabou por aparecer a dona. A minha filha Madalena viu o apelo nas redes e começou o massacre: queria uma cadela, que cá em casa era maioritariamente homens e que ela merecia ter uma “irmã” e mimimimi. Fomos absolutamente esmagados pela insistência dela, mas a verdade é que também nós começámos a ver cães em canis e aquilo começou a mexer muito connosco. Depois, a Madalena viu uma foto da Molly, foi lá vê-la e foi amor à primeira vista. Estava decidido. E ainda bem. O que vivemos com a Molly foi uma transformação rápida de uma cadela profundamente infeliz, com medo da própria sombra, que não saía do seu canto escuro, para uma cadela tão feliz que até a expressão se alterou. E tudo num mês! O amor cura. E assistir a esta transformação tem sido das coisas mais bonitas e comoventes que nós, enquanto família, pudemos assistir.

Lux – Qual a importância de um animal de estimação para as crianças/adolescentes?
S.M.S. – É a importância de mostrar o respeito e o amor pelos animais, a noção de que ter um cão (ou outro animal) não é só para “ter”, é para cuidar - dar comida, levar à rua, ir ao veterinário. E é para sempre! E mostrar como eles são gratos tem também a lição sobre o quão bonito é ser grato, e o quão bem faz a quem dá... receber também.

Lux – Muitas pessoas pensam que já têm tanto “trabalho” com os filhos que ter um cão ou um gato é visto como um acréscimo de trabalho e responsabilidade indesejável. Desmistifica isso? Quem passeia e toma conta, afinal?
S.M.S. – É um acréscimo de trabalho e de responsabilidade, não há dúvida. E é importante que se diga isto, para que não haja quem adopte e depois diga “ah, afinal isto não é para mim, adeus, volta lá para o teu canil” (ou, pior ainda, para a rua). A verdade é que dá trabalho, sim, mas aquilo que eles dão, o amor sem pedir nada em troca, a felicidade apenas por nos terem por perto... isso é tão maior e tão compensador, que vale cada esforço. Cá em casa, como somos muitos, o trabalho fica bastante diluído. Todos passeiam, em horários diferentes.

Lux –  Que balanço faz do seu blog ao fim de 12 anos de sucesso?
S.M.S. – Tem sido uma aventura permanente e uma excelente surpresa. No fundo, acabo por fazer praticamente o mesmo que fazia quando era jornalista (conto histórias de pessoas) mas na minha plataforma. Com o acréscimo de que posso fazer outras coisas, criar outro tipo de conteúdos, viver experiências que de outro modo não viveria. Foi a minha melhor decisão profissional, depois do DNA, claro, que foi o projeto da minha vida.

Lux – Que impacto teve a pandemia no seu trabalho e na sua família, em termos gerais?
S.M.S - Aquele tempo do confinamento... não posso dizer que tenha sido propriamente mau. Eestivemos muito bem, os seis. Jogámos jogos de tabuleiro, inventámos coisas para fazer, tivemos grandes conversas, houve como que até um estreitar dos laços (e os nossos laços já eram estreitos!). Damo-nos muito bem e acho que isso se notou muito no confinamento. Agora, tanto tempo depois... estou fartíssima. Estamos todos. Tenho um filho na faculdade, que só tem aulas presenciais uma semana por mês.

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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