As comemorações oficiais dos 39 anos da Revolução dos Cravos começam hoje às 10:00 na Assembleia da República com a tradicional sessão solene que inclui discursos dos partidos, presidente do Parlamento e do Presidente da República.
Pelo segundo ano consecutivo, não estarão presentes a direção da Associação 25 de Abril e, em solidariedade com esta ausência, o antigo presidente da República Mário Soares e o ex-deputado socialista Manuel Alegre.
Manuel Alegre é o autor da balada que abrirá a sessão solene, "Trova do Vento que Passa", escrita em 1963, e que ficou conhecida como símbolo da resistência à ditadura. O poema será cantado pelo grupo de fados de Coimbra "Capas Negras".
Depois da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, abrir a sessão, a deputada do PEV Heloísa Apolónia será a primeira a intervir no hemiciclo, que estará decorado com cravos vermelhos, seguindo-se a deputada e coordenadora do BE Catarina Martins e a deputada Paula Santos do PCP.
Em seguida, intervirá a deputada Cecília Meireles, pelo CDS-PP, o deputado Alberto Costa pelo PS, e o deputado Carlos Abreu Amorim, pelo PSD.
A seguir discursará a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e, por fim, o Presidente da República, Cavaco Silva.
No ano passado, na anterior sessão solene comemorativa do 25 de Abril, Cavaco Silva considerou "essencial" assegurar a coesão nacional, pedindo um esforço permanente de diálogo e concertação entre o Governo, oposição e parceiros sociais, numa altura em que, disse, "a verdade dos tempos difíceis é reconhecida por todos".
Na mensagem que dirigiu ao Parlamento, o chefe do Estado exortou ainda "todos os portugueses" a corrigir a falta de informação e a desinformação que disse existir no estrangeiro sobre Portugal.
No final da sessão solene, o Grupo Coral Etnográfico Coop de Grândola entoará a canção "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso, que constituiu a segunda senha para a continuação das operações militares que levaram ao golpe de Estado e à revolução de 25 de Abril de 1974.
Depois das comemorações oficiais durante a manhã, à tarde estão previstas manifestações populares, em vários pontos do país, incluindo o tradicional desfile em Lisboa, desde o Marquês de Pombal até ao Rossio.
Os dirigentes do PCP e do BE vão participar no desfile em Lisboa, tal como a direção da Juventude Socialista, que apelou à participação como forma de "reafirmar que o povo é quem mais ordena" num país "em que o Governo já não tem legitimidade" para mais medidas de austeridade.
A Associação 25 de Abril, presidida pelo militar de Abril Vasco Lourenço, anunciou que vai participar nas manifestações populares para "mostrar o seu profundo desacordo com a prática dos (des)governantes e para evidenciar a sua forte determinação em recuperar Abril".
Em defesa "da liberdade e dos valores democráticos" e da Constituição da República, a Associação Nacional de Sargentos apelou também à participação no desfile na Avenida da Liberdade.
O Congresso Democrático das Alternativas, que reúne personalidades da área da esquerda política, e a Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis, também anunciaram a participação no desfile popular.
Ao contrário de anos anteriores, os jardins da residência oficial do primeiro-ministro, em S. Bento, Lisboa, não vão ser abertos ao público durante a tarde do feriado.
De acordo com o gabinete de imprensa do primeiro-ministro, trabalhos de manutenção dos jardins que estão a decorrer impedem a abertura do espaço ao público.
Fonte da Presidência da República disse à Lusa que os jardins do Palácio de Belém não serão este ano abertos ao público e sublinhou que "a tradição tem sido a abertura no 5 de Outubro".
LUSA