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Nacional
Carlos Cruz ameaçado de morte por um antigo aluno da Casa Pia
13º Aniversário Clínica Milénio (Lux)
Natália Ribeiro em 17 de Abril de 2010 às 13:02
A ameaça de morte a Carlos Cruz não foi directa, mas foi suficiente para ser encarada como um potencial perigo para a vida do ex-apresentador e dos outros arguidos do processo Casa Pia.

«João», nome fictício de um ex-aluno da instituição que foi sexualmente abusado, confidenciou ao psiquiatra Álvaro de Carvalho durante uma consulta a vontade de «comprar uma arma e fazer justiça pelas próprias mãos».

O ex-aluno da Casa Pia - o mesmo que relatou orgias na chamada Casa dos Erres, no Restelo, e que implicou Carlos Cruz e três políticos na fase de inquérito do processo - não falou em nomes, mas o risco de concretizar a ameaça levou o psiquiatra a comunicar o caso ao tribunal, nomeadamente ao procurador João Aibéo. Antes, informou o paciente das suas intenções. Algo que o código deontológico da Ordem dos Médicos permite, excepcionalmente, nos casos em que o comportamento do paciente possa pôr em risco a vida de terceiros. As intenções do ex-aluno e assistente do processo foram posteriormente comunicadas aos advogados da Casa Pia e aos advogados de todos os arguidos. Como não havia um alvo concreto, mas sim um vasto leque de opções, o tribunal achou que todos os arguidos deviam ser alertados para o eventual perigo. Carlos Cruz soube dos factos através de um telefonema de António Serra Lopes, mas diz-se tranquilo.

«O meu advogado telefonou-me a contar a história e eu agradeci-lhe o telefonema. Contou-me que o psiquiatra teria mandado um e-mail ao procurador dizendo que o rapaz que acompanha teria dito: "Vou comprar uma arma e fazer justiça pelas próprias mãos." Não há nenhuma ameaça directa contra mim, por isso não estou preocupado. Pelo que me disseram, ele não falou em nome nenhum senão o Ministério Público teria de iniciar um inquérito», assegura.

E nem sabe muito bem como analisar as palavras de «João», pelas quais não se sente visado. «Ou é uma brincadeira de mau gosto que não tem credibilidade ou, se o psiquiatra considerar que pode ter um conteúdo de risco, as autoridades deviam tomar medidas e investigar», diz Carlos Cruz, que garante não saber quem é «João» e que não o conhece.

«Pela descrição e pelo que conheço do processo, deduzo quem seja, mas não tenho a certeza», afirma o antigo apresentador. Tranquilo, Carlos Cruz diz que não alterou a sua rotina ao lado da mulher, Raquel Cruz, e da filha, Mariana.

«Não tenho de tomar medidas de protecção. As autoridades é que têm, se acharem necessário», afirma, convicto. Ricardo Sá Fernandes, um dos advogados do ex-apresentador, só tomou conhecimento das ameaças através dos jornais - por estar ausente de Portugal -, as prefere não lhes dar importância.

«Acho que é mais um grito de desespero e de angústia do jovem do que uma ameaça. Desvalorizo essas informações e acho que o Carlos não corre perigo. Por isso não pensamos fazer qualquer tipo de acção», revela. Mesmo que «João» não tenha, efectivamente, mencionado o nome de Carlos Cruz, a ameaça de morte é uma realidade. Até porque o facto de Álvaro de Carvalho ter decidido alertar o tribunal é suficiente para perceber a importância que o psiquiatra atribuiu às palavras do ex-aluno da Casa Pia. Este é mais um episódio que se junta ao longo processo judicial, que já se arrasta há mais de cinco anos e que deixou a vida de Carlos Cruz e da família em suspenso.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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