Há menos de um mês, recém-chegada de Moçambique, Beatriz Batarda abriu o coração e contou à Lux como foi estar, pela primeira vez, longe das filhas, Leonor, de 8 anos, e Maria, de 6, fruto do casamento com o compositor e pianista Bernardo Sassetti.
Releia aqui um excerto da entrevista em que fala na sua vida familiar:
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Lux - Sei que não gosta de falar da sua vida privada...
B.B. - Mas tenho uma vida para além do meu trabalho! [risos].
Lux - Dedica muitas vezes os prémios que conquista às suas filhas, Leonor e Maria. Elas acompanham o seu trabalho?
B.B - Nunca viram um filme meu até porque são muito novas. A minha vida profissional é completamente separada da minha vida familiar e pessoal. Já aconteceu trabalhar com o meu marido, mas aquilo que acontece é que não há infiltrações da nossa profissão na nossa rotina familiar.
Lux - Mas as suas filhas têm noção do que é ser atriz?
B.B - Sim. Apenas viram os trabalhos que fiz com o meu marido, como recitais ou a «Menina do Mar», de Sophia de Mello Breyner, que é mais virado para as idades delas.
Lux - Reconhece algum talento nelas, que possa dizer se irão seguir a carreira da mãe ou do pai?
B.B - Acho que é muito cedo para definir. O ambiente em que elas vivem é bastante livre e ligado às artes. Têm um avô pintor, uma tia atriz, um primo ator (Bartolomeu Paes), um pai e um tio pianistas... Enfim, estão rodeadas do meio, não tanto artístico, mas virado com apreço e prazer para essa forma de expressão. É normal que isso acabe por influenciar esta construção da identidade delas. Agora, eu, como mãe, só quero que elas façam aquilo que elas queiram fazer no futuro.
Lux - Sofre quando tem que se separar delas para trabalhar?
B.B - Esta viagem a Moçambique foi a primeira vez que me ausentei sem as minhas filhas, desde que elas nasceram. Nunca tinha acontecido. Tenho feito filmes, mas sempre por aqui e a única vez que saí elas eram pequeninas, ainda não andavam na escola e, por isso, foram comigo.
Lux - Então é daquelas mães-galinha agarradas ao telefone?
B.B - Não é questão de ser mãe-galinha. Os filhos são parte de nós, e conseguir reconhecer que são seres independentes é uma aprendizagem que ainda tenho de fazer. Ser atriz é uma profissão dura, em termos de carga horária, muitas vezes a trabalhar em condições precárias, nomeadamente em Africa, com produções com muito pouco dinheiro. É uma profissão que exige emocionalmente um esforço, muitas vezes violento. Por isso, sei que trabalho no que gosto, mas também para lhes dar um futuro melhor.
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