As lágrimas escorreram pela cara de Bárbara Guimarães durante a quinta sessão do julgamento em que Manuel Maria Carrilho é acusado de violência doméstica.
Sentada de costas para o ex-marido, a apresentadora da SIC não conseguiu controlar-se quando o seu advogado, Pedro Reis, lhe pediu para explicar que efeito tiveram as consecutivas entrevistas de Carrilho sobre a separação.
"As notícias foram devastadoras. Eu fiz uma queixa-crime em que relato circunstâncias da nossa vida enquanto casal, de agressões, de nomes que me chamou, em outubro. Quando começa esta avalanche de notícias, tudo o que ele me fazia em casa e que me dizia estava na praça pública. Há choque maior do que eu pensar: ‘O que vai ser da minha vida e dos meus filhos? Vou ficar sem trabalho!’ [chora compulsivamente] É tão humilhante, é horrível!”, disse Bárbara com a voz embargada, enquanto enxugava as lágrimas.
A juíza Joana Ferrer interrompeu a sessão para que a apresentadora pudesse recompor-se. Depois de dez minutos de pausa, a apresentadora da SIC retomou o depoimento ainda emocionada, para dizer que cada entrevista que Carrilho dava “era exatamente igual a levar uma tareia”: “Deixava-me tão em baixo, tão de rastos. Quando ele começou a atacar a minha família, senti uma grande revolta. Sentia tudo completamente a ruir à minha volta. Até tive sentimentos de culpa, ainda hoje tenho. Que culpa tem a minha família para ser atacada desta maneira na sua intimidade?”, disse.
Os meses que se seguiram ao divórcio tiveram, segundo a apresentadora, grandes repercussões na sua vida pessoal e profissional: “Foi devastador para mim, ao ponto de entrar numa depressão. Tinha problemas de sono, pesadelos e ataques de ansiedade, transpirava a noite inteira. Era água a correr até no cabelo, que ficava completamente encharcado. Trabalhar nestas condições começou a ser complicado. Havia notícias que me punham muito em baixo. Tinha uma vergonha enorme, era uma humilhação. Foi um período de grande inferno, uma espécie de avalanche destruidora. Tenho muito menos trabalho do que o que tinha efetivamente, e nenhum contrato publicitário”, revelou à juíza.
“Não sei onde vou buscar forças!”, assumiu. “Perdi imenso peso, emagreci imenso. Não tinha apetite, tinha ataques de choro com frequência, mas não à frente dos meus filhos. Isto veio abalar o meu trabalho. Houve um período em que me custava sair à rua. Sentia as pessoas a falarem do assunto”, relata. Bárbara disse que passou a viver com medo, o que a levou a montar um sistema de videovigilância que custou €1590, e a contratar, nas semanas a seguir à separação, uma equipa de segurança pela qual pagou €14 387, valores incluídos no pedido de indemnização civil da apresentadora.
“Contratei os seguranças para me proteger. Se ele se cruzasse no meu caminho, tenho a certeza de que me ia agredir. Ainda tenho hoje”, sublinhou. Bárbara contou ainda ao tribunal que, a partir de janeiro de 2014, depois das férias de Natal com o pai, os filhos, Dinis, de 11 anos, e Carlota, de 5, mudaram de postura com ela. “Quando era mais contrariado, o Dinis dizia: ‘Tu és a culpada de tudo! Tu destruíste a família, roubaste-lhe coisas…’ Mais tarde, começou a dizer: ‘Tu és mesmo uma bêbeda!’ Começou a ter uma linguagem que não era dele. Vinha com histórias que depois o pai também dizia nas revistas. A Carlota chamava-me má, estúpida, burra.”
Na sessão anterior, ficou a saber-se que a apresentadora e o ex-marido foram submetidos a testes de inteligência que revelaram que têm QI semelhante, médio. “Ainda vão ter muitas surpresas com esses relatórios”, disse Carrilho, à saída do tribunal.