“Mulheres de Cinza”, o último romance de Mia Couto que é hoje lançado nas livrarias portuguesas, inicia uma nova trilogia do escritor moçambicano, sob o título global “As Areias do Imperador”.
A personagem central no novo romance, Ngunyane (nome que os portugueses transformaram em Gungunhana), foi um imperador de Gaza, no sul de Moçambique, que se rebelou contra a potência colonizadora e acabou derrotado por Mouzinho da Silveira, preso e desterrado para os Açores, onde morreu em 1906.
A glória e o mito de Ngunyane atravessaram os dois países, fomentados também por algumas inverdades e falsificações históricas, ao sabor dos interesses do momento. Em declarações ao quinzenário português Jornal de Letras, o escritor diz que Portugal sentiu necessidade de engrandecer o imperador, para tornar maior a sua vitória sobre o rebelde e que Moçambique o aproveitou para o panteão dos seus heróis nacionais e anticoloniais.