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Nacional
Manuel Mendonça reage à acusação a Afonso Dias, o camionista suspeito de raptar o filho, Rui Pedro
Fotografia de Rui Pedro aos 11 anos
Nair Coelho em 12 de Março de 2011 às 16:02
Treze anos depois do desaparecimento de Rui Pedro, existe finalmente um suspeito acusado que pode ajudar a família a desvendar o que aconteceu na tarde de 4 de março de 1998, na Lousada. Afonso Dias, de 34 anos, motorista e residente em Freamunde, perto de Paços de Ferreira, foi acusado do crime de rapto pelo Ministério Público, confirmando as suspeitas levantadas pelos pais de Rui Pedro, Manuel Mendonça e Filomena Teixeira, desde o primeiro dia das investigações.

Excluída a hipótese de haver uma rede de pedofilia envolvida no desaparecimento do rapaz, as investigações da nova equipa da Polícia Judiciária, que reconstruiu o que se passou nas 24 horas a seguir ao desaparecimento, concentraram-se nas suspeitas que recaíam sobre Afonso Dias. Na altura, todos sabiam que ele apreciava a companhia de rapazes mais novos.

«Eu via o Afonso como uma criança grande e nunca tivemos motivos para desconfiar dele. Até ao desaparecimento do meu filho, nunca vi nada de estranho no comportamento dele», disse à Lux a mãe de Rui Pedro, no final de 2007.

Filomena Teixeira vive há treze anos numa angústia inimaginável. Fechou-se para o mundo, reformou-se, é acompanhada por psicólogos, mas numa coisa é firme: continua a acreditar que o filho está vivo.

«Sinto-me amputada. Estou destroçada, há uma dor que não passa. O que me tem valido é a família», confessou, na altura, referindo-se em especial ao marido, Manuel Mendonça, e à filha mais nova, Carina, de 21 anos.

«Por uma ou duas vezes, muita gente achou que eu morria. Mas continuo aqui. Pelo meu filho. Mantenho a esperança de o encontrar e de o ter de volta a casa. É isso que me faz seguir em frente.»

Debilitada fisicamente, Filomena Teixeira foi-se novamente abaixo quando soube da acusação de Afonso Dias, e por esta ter acontecido perto de mais um 4 de março. Acredita que o arguido - que entretanto se casou e, curiosamente, deu o nome de João Pedro ao seu único descendente - entregou o fi lho a alguém e tem esperança de que ele conte tudo o que sabe.

«Ele sabe mais do que diz», afirma com determinação o pai de Rui Pedro que, apesar deste novo capítulo que agora começa, continua a viver numa grande angústia. ¿Foi mais um passo que se deu. Mas continuamos na mesma incerteza», afirma.

A acusação refere que Afonso, consciente da influência que tinha sobre Rui Pedro, na altura com 11 anos, o levou às prostitutas e de seguida partiu com ele para parte incerta. O testemunho da prostituta Alcina foi crucial para a acusação. Agora aguarda-se que o arguido, entretanto incontactável e fora da localidade onde vive, revele o que sabe. A contar da data da notificação, Afonso Dias tem 20 dias para requerer a instrução do processo, caso contrário o Ministério Público parte para a fase seguinte, o julgamento.

«Ele devia abrir o jogo para facilitar as coisas», afirma Manuel Mendonça.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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