O tribunal que está a julgar a banda de punk russa Pussy Riot agendou para 17 de agosto a leitura da sentença do processo, que uma das três jovens acusadas considerou hoje «de tipo estalinista».

«O veredito será lido a 17 de agosto às 15:00 (12:00 em Lisboa)», anunciou hoje a juíza Marina Syrova.

A acusação pediu três anos de prisão para as três jovens que compõem a banda de punk e que apelaram à demissão do Presidente Vladimir Putin na catedral ortodoxa de Moscovo. As jovens são acusadas de crimes de vandalismo motivado por ódio religioso.

Na sessão de hoje do julgamento, a vocalista da banda, Nadezhda Tolokonnikova, comparou o julgamento à repressão da era estalinista e alertou que o sistema político russo se aproxima do colapso.

A cantora disse que o julgamento foi «uma ordem política de repressão [que cumpre] as normas das troikas estalinistas», referindo-se aos tribunais especiais que o ditador soviético usava para perseguir e condenar rapidamente os dissidentes.

«O nosso lugar é em liberdade e não atrás das grades», disse ela, acrescentando que as Pussy Riot «são pupilas e descendentes dos dissidentes».

Nadejda Tolokonnikova, de 22 anos, Ekaterina Samoutsevitch, de 29, e Maria Alekhina, de 24, foram detidas em março e estão a ser julgadas desde a semana passada por atos de vandalismo na catedral ortodoxa de Cristo Salvador.

As acusadas, que a 21 de fevereiro entraram no templo a cantar uma «oração punk» contra Putin disseram ao tribunal que a canção não pretendia ofender a ética dos ortodoxos, mas sim protestar contra o Presidente russo e o cardeal Kiril, líder ortodoxo russo, que apelou ao voto no Presidente nas eleições de março.

A canção pedia à Virgem Maria que afastasse o líder russo a semanas da sua eleição para um terceiro mandato.

Lusa