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Nacional
Redação Lux em 1 de Janeiro de 2013 às 09:15
Vídeo: Emoção e música «Os Verdes Anos» no funeral de Paulo Rocha
Redação Lux em 1 de Janeiro de 2013 às 09:15
Perto de uma centena de familiares e amigos de Paulo Rocha marcaram presença no funeral do realizador, no Porto, que terminou com o guitarrista Samuel Cabral a tocar a música do seu filme de estreia, «Os Verdes Anos».

Presente na cerimónia, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse tratar-se de «um dia muito triste» para o cinema português.

«O Paulo Rocha, ao longo de várias gerações, alimentou com os seus filmes, mas também com a sua pedagogia e a sua magia, o trabalho de realizadores, produtores, estudiosos e críticos de cinema. Estar aqui hoje é, simplesmente, um testemunho da presença do Paulo e do modo como ele vai continuar a alimentar o cinema português», afirmou em declarações aos jornalistas.

Também presente na última homenagem ao cineasta, que faleceu no sábado, o arquiteto e amigo Nuno Portas recordou Paulo Rocha como o seu «companheiro de toda a vida».

«Lembro-me, quando foi a estreia do primeiro filme dele, que me levantei aos gritos a dizer «começou o cinema português». Foi o começo de um novo cinema, o que a gente chamava o Cinema Novo», afirmou, comovido.

«É um dia triste, mas os filmes [de Paulo Rocha] ficam e temos que os ver», considerou, por sua vez, o ex-diretor do Museu de Serralves, João Fernandes.

Recordando que o realizador «queria muito mostrar os seus filmes», João Fernandes diz ter tido, em Serralves, a «felicidade de poder apresentá-los algumas vezes».

«Mas não há vezes suficientes para os ver e rever e espero que muitos mais tenham a felicidade de os ver como eu tive», acrescentou.

Já a diretora da Cinemateca Portuguesa, Maria João Seixas, destacou a «dívida enorme» para com Paulo Rocha, que «embelezou o mundo com as suas imagens e, pelo cinema, fez acreditar numa outra história para a vida deste país».

«Esse é o meu grande luto, é o nosso grande luto, e peço a todos que vejam o cinema de Paulo Rocha», sustentou, destacando «Os Verdes Anos» como «o mais forte» filme do realizador, que lhe «iluminou o olhar quando, nos anos 60», o viu.

«Depois, nunca deixei de me apaixonar por cada imagem dos filmes do Paulo Rocha. Temos a sorte de, sendo pequeninos, termos grandes, muito grandes, a criarem para nós», concluiu Maria João Seixas.

Após as exéquias fúnebres, que decorreram na Igreja de S. João da Foz, o funeral de Paulo Rocha seguiu para o cemitério do Prado do Repouso, também no Porto.

Nascido no Porto a 22 de dezembro de 1935, Paulo Rocha foi fundador do movimento estético designado como «Cinema Novo».

Estreou-se com o filme «Verdes Anos» (1963) e, logo a seguir, «Mudar de Vida» (1966), duas obras consideradas emblemáticas do movimento do Novo Cinema Português.

Também assinou «A Pousada das Chagas» (1972), «A Ilha dos Amores» (1982), «A Ilha de Amorais» (1984), «O Desejado» (1988), «Máscara de Aço Contra Abismo Azul» (1989), «O Rio do Ouro» (1998), «A Raiz do Coração» (2000), «As Sereias» (2001) e «Vanitas» (2004).

Paulo Rocha fez também dois ensaios fílmicos consagrados aos realizadores Manoel de Oliveira e Shohei Imamura, integrados na série «Cinéastes de Notre Temps».

Depois de uma passagem pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, partiu para França, onde estudou cinema no Institut des Hautes Études Cinématographiques e obteve um diploma de realização.

Foi assistente do francês Jean Renoir em «Le Caporal Épinglé» (1962) e do português Manoel Oliveira no «Ato da Primavera» (1963) e em «A Caça» (1964).

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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