Quando Angela Bassett chegou a Los Angeles com um mestrado em Artes, pela Universidade de Yale, para tentar a sua sorte no mundo da representação, não tinha ilusões quanto aos papéis que a aguardavam: “Sabia que não ia ser a atriz principal, ou sequer a secundária. Ia ser a mulher ou a namorada do amigo do protagonista.” Porém, Bassett, que sempre gostou de desafios, só queria uma oportunidade para trabalhar. E o que deveria ser uma temporada de seis meses em busca de oportunidades, transformou-se numa carreira de sucesso.
Aos 64 anos, está na corrida aos Óscares na categoria de Melhor Atriz Secundária, pela sua interpretação em “Black Panter: Wakanda para Sempre”, o que a transforma na primeira atriz a ser nomeada por um papel num filme da Marvel. Uma interpretação que Angela Bassett encarou com a mesma intensidade com que vestiu a pele de Antígona, no teatro.
A verdade é que a dedicação com que se entrega é sempre a mesma, independentemente da escala da produção e, segundo a atriz, a explicação é fácil e remonta à infância e à mãe, Betty Jane Bassett: “Uma vez tive um C na escola e disse-lhe que era uma nota mediana, ao que ela respondeu – ‘Não tenho filhas medianas. Se vão fazer alguma coisa, fazem-no de uma forma excelente.’ – E isso continua em mim e, por vezes, é complicado, porque quero ser sempre excelente. Conseguimos ser muito duros e, por vezes, é preciso não exigirmos tanto de nós.”
Esta é a segunda nomeação para um Óscar. Em 1993, Bassett foi nomeada na categoria de Melhor Atriz ao vestir a pele de Tina Turner no filme biográfico “What’s Love Got to do With It”. Não ganhou e, recentemente, o marido e também ator Courtney B. Vance, de 62 anos, disse à revista Essence sobre esta nova nomeação: “Digo-lhe sempre que toda a gente está à espera que receba um Óscar, para a podermos levar ao colo como deveríamos ter feito há 30 anos.” Sobre esta frase, a atriz afirma: “É muito bom ter alguém ao nosso lado que acredita em nós, naqueles momentos em que não acreditamos em nós próprios. Podemos simplesmente apegar-nos a essa fé, até que a nossa própria fé regresse.”
Angela Bassett e Courtney B. Vance casaram-se há 25 anos. Em entrevista à revista US, o ator afirma que o segredo para o sucesso da relação está em dizer sempre “sim, querida. Como posso ajudar? O que precisas que faça”, e defende que passar tempo de qualidade a dois também ajuda: “Quando conseguimos, gostamos de ver dois a três filmes à noite. Coisas divertidas.” Bassett tem também as suas teorias sobre o sucesso deste casamento. Em entrevista à People, disse: “Estamos juntos há muito tempo e, seja nesta indústria ou não, penso que o mais importante é casarmos com a pessoa certa, termos a certeza de que olhamos na mesma direção. Não temos de ser clones um do outro, mas temos de ter princípios semelhantes e acreditar nas mesmas coisas. E, claro, personalidades agradáveis. Todos temos pontos fortes e fracos, e temos de estar lá para nos apoiarmos um ao outro.”
O casal tem dois filhos, os gémeos Bronwyn e Slater, de 17 anos. Ao “The Late Late Show”, de James Corden, a atriz confessou que é o “polícia bom” da relação. “O meu marido é normalmente muito calmo, mas muito consistente na disciplina dos nossos filhos. Por exemplo, neste momento, está a mais de 4000 quilómetros de distância, a trabalhar, e consegue fazer com que pareça que está presente. Já eu, estou a 7 metros e, ou ponho as coisas no sítio, ou afasto-me para tentar ver a melhor maneira de os levar a fazer o que sabem que precisam de fazer. Costumo dizer-lhes que sou o bom momento deles e que é melhor que não me provoquem. [risos]” Bassett conta que os filhos já foram alvo de racismo: “Desde os 4 anos, no infantário, que tiveram de lidar com brincadeiras por causa da cor da pele. Enquanto pais, faz-nos parar a respiração e aperta-nos o coração, porque não queremos que os nossos filhos sofram por isto. É algo que achamos que pode acontecer mais tarde e que, nessa altura, a base sólida que têm os possa ajudar.”
