O papa Francisco, que até à sua eleição era o arcebispo de Buenos Aires, recebe na segunda-feira a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, informou o gabinete de imprensa do Vaticano.
A audiência com Kirchner será a primeira que o papa terá com um Chefe de Estado e decorrerá na Casa de Santa Marta, onde se encontra alojado, já que ainda não se instalou no palácio apostólico.
A presidente argentina viajará para Roma para assistir à missa de entronização do pontífice, prevista para 19 de março, e na qual são esperados cerca de 150 chefes de Estado e de Governo.
Os media argentinos recordaram nos últimos dias a relação do ex-arcebispo de Buenos Aires com a presidente argentina, Cristina Kirchner, que terá sido tensa, sobretudo durante a discussão sobre a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
No dia da eleição de Jorge Bergoglio como papa, a versão eletrónica do diário Clarín lembrava a «relação áspera» do prelado com os governos de Néstor e Cristina Kirchner.
«O ex-presidente chegou a identificar o então cardeal-arcebispo como verdadeiro representante da oposição. Na mesma altura, Bergoglio queixou-se das declarações de Kirchner», escrevia o jornal.
A relação com Cristina Kirchner, que assumiu a presidência do país depois da morte do marido, Nestor, «foi mais cordial, mas com altos e baixos». O ponto mais tenso terá sido, de acordo com o Clarín, aquando das discussões sobre a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
«Bergoglio foi o rosto da marcha contra o casamento gay, e opôs-se rotundamente ao projeto que havia de tornar-se realidade», escreve o jornal.
Numa das suas últimas críticas a Cristina Kirchner, o então arcebispo de Buenos Aires chamou, numa carta, a atenção para a «destruição do trabalho digno, para as emigrações dolorosas e para a falta de futuro» no país.
No dia da eleição do papa, Cristina Kirchner desejou-lhe uma «função pastoral frutuosa».
«Como condutor e guia da Igreja desejamos-lhe uma tarefa pastoral frutuosa no exercício de tão grandes responsabilidades na busca da justiça, da igualdade, da fraternidade e da paz da humanidade», refere uma curta mensagem da Presidente argentina, que se afirma católica praticante.
Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, foi eleito na quarta-feira como sucessor de Bento XVI, e será o 266.º papa da igreja católica, tendo escolhido o nome de Francisco.
LUSA