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Nacional
Alta Costura por Filipa Guimarães: 'Quero a minha vida de volta!'
Alta Costura na Lux por Filipa Guimarães, jornalista e escritora Foto: Carlos Ramos
Redação Lux em 15 de Outubro de 2020 às 18:00

QUERO A MINHA VIDA DE VOLTA! por Filipa Guimarães

O tema Covid-19 regressou em força, qual sequela de “O Exterminador Implacável 2”.  Nunca saiu de cena, mas havia no ar uma esperança que fosse como as marés vivas no fim do verão. Mas isso não aconteceu e esta nova “vaga”de Covid-19 continua a ser preocupante. Os números voltaram aos de abril e nós continuamos na rua, uns mais seguros do que os outros. É muita coisa ao mesmo tempo: o regresso às aulas, aos trabalhos (mesmo nas versões part-time ou teletrabalho), aos ginásios e balneários, aos bancos, a todo o lado. Em Lisboa, que é onde moro, sinto que as pessoas andam demasiado relaxadas. Ainda. Há sítios ao ar livre onde não há distanciamento social absolutamente nenhum. Em que o fumo dos cigarros vem de umas mesas para as outras como se nada fosse. Parece que há vários níveis de cumprimento das normas sanitárias que nos foram e são pedidas até à exaustão. Por mim, cumpro-as, mesmo estando farta de tanta distância dos outros. Como milhares de pessoas, aderi ao ensino à distância e a ver as pessoas no computador “em mosaico” e voltei ao ginásio com normas de acesso condicionado. Aqui há uma “brigada” de pessoas a explicar as regras de coexistência segura dentro das salas. “Se não morrer do vírus, morro da cura”, pensei eu na última sessão de bicicleta estática. De janelas abertas e a falar aos gritos, ainda apanhamos todos mas é uma pneumonia, temi. Agora que o tempo está incerto, os “passeios higiénicos” (expressão que nos parece longínqua, mas que tem só seis meses) vão rarear. De febre tirada e de mãos lavadas e desinfetadas, lá fui eu para o meu posto de exercício. Sem máscara, mas com sprays desinfetantes por todo o lado. Temos de limpar as máquinas que usamos.  Os meus amigos colegas de ginásio são os mesmos, mas estão distantes. Já não podemos trocar aquelas palavras da praxe e que tanta falta me fazem agora. Para muita gente, como eu, estes espaços são também oportunidades para ter aqueles dois dedos de conversa que preenchem a vida de quem vive só. Isto não está fácil para nós...

(Crónica publicada na revista Lux 1067 de12 de outubro)

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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