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Dermite Atópica
Bebé
Redação Lux  com Carolina Gouveia em 28 de Agosto de 2010 às 10:09
A dermite ou eczema atópico (DA) é uma doença crónica da pele frequente na criança, não contagiosa, que evolui ciclicamente por períodos de crise e remissão. Surge ao longo dos primeiros cinco anos de vida (frequentemente ainda no 1º ano). As manifestações características são a secura (xerose), a comichão (prurido), a reatividade excessiva e a inflamação ou o eczema, que têm padrões e localizações diferentes consoante a idade.

Enquanto as três primeiras se observam em praticamente todas as fases da doença, os surtos de eczema têm tendência para se tornar menos exuberantes, extensos e frequentes à medida que a criança vai crescendo. Eczema significa «a ferver». Em Dermatologia, o termo é usado para descrever áreas de eritema (vermelhidão), edema (inchaço), exsudação («aguadilha»), vesículas (pequenas bolhas de água) e crostas.

À medida que as lesões se tornam crónicas, predominam a descamação e a liquenifi cação (a pele torna-se espessa como couro, com acentuação das suas linhas).

A DA é um dos elementos da chamada tríada atópica (DA, asma e rinite alérgica). A atopia traduz uma predisposição genética para desenvolver reações excessivas, desproporcionadas, aos alergénios presentes no ambiente (por ex., pólenes, bolores, ácaros e alguns alimentos).

As crianças podem sofrer de uma ou de todas as manifestações da tríada. Muitas desenvolvem asma e depois rinite alérgica ao longo do crescimento, à medida que notam melhoria gradual da DA (é a chamada «marcha atópica»). As alterações cutâneas perduram após a puberdade em menos de metade dos casos. É uma doença familiar com forma de transmissão ainda desconhecida. Se um dos progenitores for atópico, a probabilidade de um dos filhos também o ser varia entre 25 e 50%. No entanto, 1/3 dos doentes não tem familiares atópicos. No caso concreto do eczema, a hiper-reatividade cutânea é apenas uma das causas.

Hoje sabemos que a pele destes indivíduos tem alterações da sua constituição a nível do conteúdo em gorduras e proteínas estruturais, que a tornam excessivamente permeável, perdendo água para o exterior e deixando «entrar» substâncias do meio ambiente que podem provocar irritação ou alergia.

É a doença crónica mais frequente da infância, com prevalência mundial entre 10 e 20%. Predomina nos países desenvolvidos e em áreas urbanas, mas outros fatores estão também associados a maior incidência: estratos sociais altos, com rendimento e nível educacional elevados, tabagismo materno, família pouco numerosa, migração meio rural ¿ meio urbano, utilização frequente de antibióticos.

Em Portugal, o aumento da frequência da DA tem acompanhado a melhoria gradual das condições socioeconómicas da população desde o 25 de abril de 74. Em regra, a pele do bebé é normal à nascença. A partir dos 2-3 meses surgem lesões nas bochechas e no couro cabeludo, que progridem para a fronte, para o pescoço e para os sulcos atrás das orelhas. Quando a criança começa a gatinhar, passa a observar-se na parte externa dos membros. O tronco e as pregas corporais poderão também ser atingidos. Com o crescimento, as crises são menos frequentes e intensas, o eczema é menos agudo e acantonado às grandes pregas («dobras» do cotovelo e do joelho, mas também punhos, nádegas, pescoço e pálpebras). No adulto predominam as formas localizadas (rosto e pescoço, mãos, genitais externos). As formas extensas, mais raras, podem ter gravidade considerável.

O tratamento deve ser individualizado e abrangente. O seu sucesso depende da abordagem de aspetos fundamentais como:

1) Informação;

2) Medidas de profilaxia ambiental;

3) Hidratação/ manutenção da barreira cutânea;

4) Controlo do prurido;

5) Tratamento das agudizações;

6) Tratamento das complicações.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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