A psoríase é uma doença inflamatória crónica, que afecta sobretudo a pele e as articulações, que pode aparecer em qualquer idade e ter várias formas de apresentação clínica.
Esta patologia multifactorial, cuja causa principal é ainda desconhecida, atinge 2 a 3% da população portuguesa. É denominador comum a existência de predisposição genética, que é influenciada por factores desencadeantes do meio ambiente, imunológicos (infecções, défices de imunidade) e intrínsecos, do próprio indivíduo (tabagismo, alcoolismo, estados de ansiedade), entre outros.
Nunca é demais escrever e informar sobre esta doença, que interfere com a vida a vários níveis, podendo causar limitações, mais ou menos importantes, na relação diária.
Apesar da sua prevalência, afectando cerca de 300 000 cidadãos portugueses, é ainda pouco conhecida do público em geral, que frequentemente lhe atribui conotações negativas, julgando tratar-se de afecção contagiosa...
As lesões avermelhadas, descamativas e infiltradas («com relevo na superfície da pele»), envolvem preferencialmente o couro cabeludo, cotovelos, joelhos e região lombo-sagrada. Estas lesões são, em regra, pouco pruriginosas ou subjectivamente assintomáticas.
Nalguns doentes observa-se picotado ungueal e em cerca de 1/3 dos casos ocorre infl amação de algumas articulações (sobretudo das mãos e pés, e por vezes da coluna vertebral), ligamentos e tendões envolventes - artrite
psoriática.
O perfil evolutivo natural que se observa mais frequentemente é ondulante, com crises de exacerbação intervaladas por épocas de remissão espontânea ou induzidas pelos vários tratamentos ao nosso dispor.
Mas esta persistência evolutiva, a inexistência de cura definitiva e a visibilidade das lesões geram desânimo e angústia nos doentes e familiares. E é precisamente neste ponto que cabe actuar.
É nossa função - e responsabilidade cívica - informar e desdramatizar: a doença não é, ainda, curável, mas é tratável.
A angústia e o stress fragilizam a imunidade natural, o que vai afectar e condicionar a evolução clínica e o prognóstico; é urgente sair deste ciclo vicioso. É decisivo conhecer a doença para a poder combater.
Os dermatologistas e os próprios doentes de psoríase devem explicar às pessoas as características desta doença, permitindo atenuar medos e desconfianças, e melhorar o bem-estar psíquico e social dos próprios doentes.
Estes devem ainda ser instruídos a construir e a aperfeiçoar a auto-estima; as pessoas aceitam melhor a doença em quem expressa autoconfiança.
Deve ser relevada a importância do exercício físico e de dietas saudáveis, evitando condimentos, álcool e tabaco. O diagnóstico precoce permite uma abordagem mais adequada desta doença crónica, hoje em dia tratável.
Do ponto de vista médico, é feita uma abordagem individualizada, sabendo-se existirem vários tratamentos que permitem manter os doentes livres de lesões por longos períodos de tempo.
Aproxima-se o Verão. É importante saber-se que o Sol induz melhoria das lesões por acção imunomoduladora, não esquecendo os horários aconselhados e os cuidados quanto à fotoprotecção.
Informe-se com o seu dermatologista, ou através da internet: www.psoportugal.com.
A PSOPortugal acaba de lançar uma petição, via Internet, com o objectivo de levar a discussão, em plenário da Assembleia da República, o reconhecimento da psoríase como doença crónica, junto do SNS. Todos nós podemos contribuir, assinando e divulgando esta petição estaremos a ajudar os doentes com psoríase a conseguir um futuro melhor.
Hospital CUF-Descobertas
Paulo Ferreira