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Internacional
Redação Lux em 24 de Maio de 2024 às 18:00
Ryan Gosling, o ator que passou a gerir a profissão e a escolher os projetos em função da mulher e das filhas
1/2 - Ryan Gosling Foto: Arquivo Lux
2/2 - Eva Mendes e Ryan Gosling Foto: Arquivo Lux

Na juventude, Ryan Gosling tratava a representação como uma terapia e procurava experiências em filmes que pudessem captar o humor ou um sentimento: “Eram uma oportunidade para aprender sobre mim.” Foi assim durante muito tempo, enquanto entrava, sobretudo, em filmes independentes ou que não eram propriamente sucessos de bilheteira. No entanto, foi sendo capaz de solidificar a carreira e, 20 anos depois do seu primeiro projeto, “La La Land” deu-lhe um Globo de Ouro e, apesar de não ter conseguido o Óscar pela sua nomeação, o filme arrecadou seis estatuetas e representou um ponto de viragem na sua carreira. Porém, para o ator, essa mudança já tinha acontecido vários anos antes.

Em 2011, Ryan Gosling conheceu Eva Mendes quando contracenaram juntos em “O Lugar onde tudo Termina”. O ator lembra que as suas personagens “fingiam ser uma família”, mas algo começou a mudar: “Realmente, não queria que continuasse a ser a fingir. Percebi que esta seria uma vida que teria muita sorte em ter.” A primeira filha do casal, Esmeralda, nasceu em 2014 e a segunda, Amada, em 2016. “Não pensava em ter filhos antes de conhecer a Eva, depois de a conhecer percebi que não queria era ter filhos sem ela.”

Desde que foi pai, a forma de ver a profissão mudou drasticamente. “Definitivamente, não assumo papéis que me coloquem em lugares sombrios”, disse à revista WSJ. “Tento ler o ambiente de casa e sentir o que vai ser melhor para todos nós. As decisões que tomo, e tomo-as com a Eva, são sempre a pensar primeiro na nossa família.” Uma das primeiras medidas foi não fazer tantos filmes.

Após “Blade Runner 2049”, em 2017, Ryan fez uma pausa de quatro anos. “Queria passar o máximo de tempo possível com a minha família.” Decidiu também que faria apenas um filme por ano: “Agora, trato a representação mais como um trabalho e não como uma terapia. E acho que, de certa forma, me permite ser melhor, porque há menos interferência. Quero fazer coisas inclusivas e não para um público restrito. Durante muito tempo estava só a tentar sustentar-me e trabalhar. Só recentemente é que percebi que tenho a oportunidade de realmente fazer o tipo de filmes que me fizeram amar o cinema”, disse à GQ. E foi precisamente essa uma das razões que o levou a escolher o mais recente projeto. “Profissão: Perigo”, ao lado de Emily Blunt, e que terminou de filmar na Austrália: “É uma carta de amor aos grandes filmes. Sempre quis fazer isto. Simplesmente nunca tive uma oportunidade como esta, ou nunca funcionou. Levei muito tempo para entrar em filmes maiores e mais comerciais. Tive de entrar pela porta dos fundos.”

Porém, há outra razão que o leva a decidir os projetos e tem sempre a ver com a família: “Com ‘La La Land’ foi algo do género: ‘Ah, isto também vai ser giro para elas.’” O mesmo aconteceu com a superprodução “Barbie”. Mas o interesse no papel oferecido por Greta Gerwig teve outro lado. Depois do lançamento do trailer, começou o debate sobre se Gosling não seria “velho demais” para interpretar Ken. A resposta do ator não tardou: “Eu diria que se as pessoas não querem brincar com o meu Ken, há muitos outros Kens com quem brincar.”

A polémica fez com que tivesse ainda mais vontade de o fazer: “Nunca ninguém ligava ao Ken antes disto. É um tipo cujo trabalho é estar na praia. E, de repente, toda a gente parecia que sempre se tinha preocupado com o Ken. Se realmente se importassem com ele, saberiam que ninguém quer saber dele. É por isso que a sua história deve ser contada. Agora, eu importo-me. Sou o seu representante. [risos]”

Ryan Gosling vive com a família numa cidade tranquila na zona sul da Califórnia. Habitualmente, leva-os para o local de cada filme que roda. Por se ter imposto um ritmo de trabalho muito menor, na maioria das vezes, está simplesmente em casa e essa vida familiar é o que realmente o apaixona e deixa feliz: “Tudo faz sentido agora.” O ator confessa que, quando se depara com desafios e não sabe bem o que fazer enquanto pai, recorre à mulher: “Ela sabe o que é importante, sempre. Simplesmente sabe.”

Sobre as filhas, diz, orgulhoso: “Estou a tentar perceber o que elas são e quero estar ao seu lado como posso. Têm personalidades tão claras e distintas que está a tornar-se óbvio. Só queremos fazer tudo o que elas merecem.” E conclui: “Não quereria voltar atrás. Estou feliz por não ter tido controlo sobre o meu destino a nível familiar, porque foi muito melhor do que jamais sonhei.”

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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