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Internacional
Redação Lux em 25 de Julho de 2013 às 22:37
Espanha: Velocidade terá provocado mais grave acidente ferroviário em 70 anos
O acidente ferroviário de Santiago de Compostela, o pior de Espanha em quase 70 anos, já com 80 mortos, aconteceu num troço sem limitação automática de velocidade, contrariamente aos mais de 1.700 quilómetros de via-férrea do país.

O descarrilamento em Santiago de Compostela terá acontecido quando a composição circulava, aproximadamente, a 150 quilómetros por hora, numa zona de curva em que o limite é de 80, segundo as autoridades espanholas.

O próprio maquinista foi entretanto constituído arguido tendo confirmado, segundo a imprensa galega, que circulava em excesso de velocidade, que, numa versão inicial, rondava os 190 quilómetros por hora.

Segundo fontes da empresa ferroviária espanhola Renfe, citadas igualmente pelas versões eletrónicas dos jornais da Galiza, o troço em causa - misto entre alta velocidade e convencional -, não estava equipado com o sistema de segurança ERTMS, que controla de forma automática a velocidade em zonas com limitação.

Se estivesse em funcionamento, como em 87 quilómetros de alta velocidade na Galiza e mais 1.700 quilómetros no restante território espanhol, este sistema teria automaticamente travado - em situação normal - a velocidade do comboio naquele local.

O acidente ocorreu na quarta-feira às 20:45 locais (19:45 em Lisboa) quando o comboio de alta velocidade, que fazia a ligação entre Madrid e Ferrol, com quase 250 passageiros a bordo, descarrilou a três quilómetros de Santiago de Compostela.

Pelo menos 80 pessoas morreram e a conselheira da saúde local, Rocío Mosquera, afirmou hoje que ao longo da noite os serviços de emergência transferiram 178 pessoas para diferentes hospitais.

Noventa e cinco feridos continuam internados, dos quais 32 adultos e quatro crianças estão em estado crítico.

Quanto à listagem das vítimas mortais, deverá ser divulgada até às 22:00 de hoje (hora local), indicou à Lusa uma fonte da representação do Governo de Espanha na Galiza.

Dez grupos forenses, divididos pelos hospitais Clínico e Provincial de Santiago de Compostela, trabalham ininterruptamente para completar ainda hoje as autópsias das vítimas do acidente.

Fontes do tribunal superior de justiça da Galiza (TSJG) informaram que, até ao momento, foram identificadas 58 pessoas, sendo que já foram realizadas as autópsias na maioria destes corpos.

Sobre a eventualidade de existirem portugueses entre as vítimas mortais provocadas pelo acidente, a delegação do Governo na Galiza afirma ser "prematuro" excluir qualquer cenário, tendo em conta que o processo de identificação "está em curso".

Na imprensa da Galiza começam a surgir vários relatos sobre as vítimas mortais, como uma estudante mexicana de direito, com 22 anos, ou outra, um ano mais velha, galega, que regressava de Madrid, depois de concluir a tese de mestrado.

O Presidente norte-americano, Barack Obama, foi um dos inúmeros dirigentes internacionais que já lamentaram este desastre ferroviário, manifestando "chocado e entristecido".

O Governo de Espanha anunciou três dias de luto nacional e a Junta [Xunta] da Galiza (Governo regional) decretou sete, enquanto o país e o mundo manifestam o seu pesar e aguardam conclusões sobre as causas do desastre.

LUSA
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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