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Nacional
Resistência regressam aos palcos
Resistência (foto: Augusto Brázio)
Redação Lux em 2 de Dezembro de 2012 às 11:15
O grupo português Resistência renasce em dezembro, em palco, duas décadas depois da estreia, com um repertório que pode ganhar novo sentido, à luz da atual situação do país, disseram alguns dos músicos à agência Lusa.

Os dez músicos da formação original, aos quais se juntam os guitarristas Mário Delgado e Pedro Jóia, estão em ensaios, por estes dias, a recordar as canções que, nos anos de 1990, tornaram a Resistência um dos fenómenos da música portuguesa, e que agora são retomadas, pela atualidade e pela força da mensagem.

O grupo durou pouco mais de dois anos e editou três álbuns, um dos quais ao vivo, mas deixou uma marca que o faz regressar agora ao palcos, a 19 de dezembro, no Campo Pequeno, em Lisboa, antes de se apresentar em Guimarães, Capital Europeia da Cultura.

"Há vinte anos foi uma grande aventura. Começou por ser um grupo de vários grupos que se reuniram um pouco para dar mais voz às suas palavras, para sair um pouco do ambiente fechado que eram as nossas bandas", disse Fernando Cunha, ex-Delfins, à Lusa, antes de um dos ensaios da banda.

Dos Resistência, que se juntam agora, fazem parte Pedro Ayres Magalhães (Madredeus), Olavo Bilac (Santos & Pecadores), Miguel Ângelo e Fernando Cunha (Delfins), Tim (Xutos & Pontapés), Fernando Júdice e José Salgueiro (Trovante), Alexandre Frazão, Dudas e Fredo Mergner.

Em palco interpretaram, e vão voltar a tocar, temas das respetivas bandas, mas também de Zeca Afonso ou de António Variações, todas num registo acústico, assente sobretudo em guitarra e voz.

Nos ensaios, os músicos apuram melodias, recordam acordes e ritmos, porque muitos já não tocavam juntos quase desde o fim da Resistência.

"Estamos todos diferentes, mas todos iguais, com mais experiência e mais calmos. Foi difícil juntar estas pessoas, mas foi fácil tocar estas músicas", recordou à Lusa Olavo Bilac.

Do repertório fazem parte, por exemplo, "Marcha dos desalinhados" e "Nasce selvagem", dos Delfins, "Não sou o único", dos Xutos & Pontapés, "Traz outro amigo também", de Zeca Afonso.

Para Fernando Cunha, as letras foram escolhidas por terem uma mensagem forte, e algumas permanecem atuais.

No começo dos anos 1990, Cavaco Silva era primeiro-ministro, vivia-se um descontentamento estudantil, por causa das políticas de educação, Mário Soares era Presidente da República.

"Na altura sentia-se um Portugal a querer crescer, uma entrada na Europa, uma promessa de Europa, uma promessa de qualidade de vida para os portugueses, mas não sei se está melhor. Acho que, se calhar, está pior", lamentou Olavo Bilac.

À época, alguns dos temas foram quase uma bandeira para uma certa geração.

Tim, vocalista dos Xutos & Pontapés, acrescentou à agência Lusa que qualquer mensagem, numa altura de crise, "tem mais importância": "Se nós podemos repetir essa mensagem, não sei".

Depois do concerto em Lisboa, a Resistência atuará a 29 de dezembro em Guimarães, e deverá ter mais concertos em 2013.

Em palco irão reproduzir na íntegra o alinhamento do concerto que deu lugar ao disco "Ao vivo no Armazém 22", editado em 1993.

"Lembro-me do primeiro concerto, no São Luiz - tínhamos os dedos cheios de bolhas e guitarras muito más. Não havia experiência de fazer um concerto acústico em Portugal. Tocamos melhor, mas estamos mais velhos", constatou Fernando Cunha.

Quem estará desta vez na plateia? Não sabem, pode ser uma surpresa, dizem.

"A faixa etária é mais velha. O que vai ser uma surpresa para nós é saber se as canções atravessaram gerações e se temos lá pessoas com menos de 25 anos", disse Fernando Cunha.

Para Tim, mais importante do que ver como estão hoje aqueles dez músicos, é saber como soam as canções.

"É como diz o Pedro Ayres Magalhães: Isto é um espetáculo, não pela sua grandiosidade, mas pelo seu conteúdo", citou o vocalista dos Xutos e Pontapés.

Lusa
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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