Em abril, Alexandra Lencastre sobe ao palco do Teatro da Trindade, em Lisboa, com a peça “Quem tem medo de Virgínia Wolf?”, encenada por João Perry.
“Estou um bocado assustada, porque é um projeto para o qual é preciso um fôlego gigante, não é apenas mais uma peça, apesar de nunca ser! Mas esta, de facto, é muito especial, com um grau de intensidade, de crueldade, de dor, de desespero, de mentira e de manipulação… Uma série de coisas negativas são levadas aqui a um extremo quase inaceitável, o que vai exigir muito de nós! É das tais peças em que a pessoa, no final de cada espetáculo, tem de fazer um trabalho de limpar a personagem, senão corre o risco de ela contaminar a sua vida. É importante estar a 300% no palco, mas depois estar de uma forma igualmente intensa na nossa vida com os nossos nomes próprios. E ainda bem que temos um mestre como o João Perry como encenador, porque o João é um homem muito peculiar e especial, para além do talento enorme que tem como ator e encenador. É um homem capaz de nos entender e de conseguir penetrar nos nossos cérebros e invadir-nos sem nos violentar, fazendo-nos descobrir imensos registos que não tínhamos descoberto. Uma certeza que tenho é que esta peça vai ser um grande exercício de atores e encenador e que vai ser muito forte. Sempre que foi estreada foi um sucesso. É marcante e quase desequilibrante. É uma peça para a qual as pessoas têm de se preparar antes de entrar na sala. Para mim, é um desafio enorme, claro. É um papel que todas as atrizes, à partida, desejam fazer. Eu nunca desejei fazer, e não é só por medo de não conseguir. Tem a ver com uma espécie de superstição, uma coisa muito própria: eu nunca pensei vou fazer este papel ou aquele, as coisas foram acontecendo e eu nunca fiz uma lista de protagonistas que eu gostasse de fazer”, confidencia a atriz, de 51 anos.
Sobre as suas inseguranças enquanto atriz, Alexandra brinca:
“Eu acho que não há idade para ultrapassar as seguranças, como não há idade para o amor [risos].”
Sem tempo para férias há 3 anos, a atriz anseia também por uns dias de descanso:
“’A Tua Cara Não Me É Estranha’ prolongou-se, a telenovela ‘A Única Mulher’ prolongou-se… Não tenho parado, mas pode ser que consiga ter um fim-de-semana prolongado, 3 ou 4 dias ao fim de 3 anos… um dia por ano não é mau [risos].”